O Instituto da Vinha e do Vinho estimou, no final de julho, um aumento de produção na campanha de 2023/2024 a rondar os 8% para um volume de 7,4 milhões de hectolitros em relação à campanha anterior, mas este responsável considerou que a projeção está desatualizada.
“Depois disso, já tivemos alguns acidentes climáticos, como granizo na região de Trás-os-Montes, na região do Douro, também um bocadinho na região dos Vinhos Verdes”, disse à Agência Lusa, à margem de uma prova de vinhos em Londres.
Falcão referiu também problemas com míldios e doenças que afetam a vinha em várias regiões e com secura devido às temperaturas muito altas, que deverão resultar em perdas de produção.
“É muito provável que não acabe com o aumento de 8%, mas ainda assim estamos a estimar um aumento de produção”, vincou.
O presidente da ViniPortugal antecipou, por exemplo, que a produção de vinho nos Açores vai crescer, mas abaixo daquilo que era esperado, tal como em Trás-os-Montes.
“O Douro vai ter algumas quebras em relação ao que esperava. O Dão vai ter um crescimento melhor do que esperava. Ainda não há contas feitas, mas de facto houve aqui um impacto”, admitiu.
Falcão reconhece ser difícil aos viticultores reduzir o impacto de intempéries e do calor.
“Aqui não há grandes soluções. Depois destes grandes acidentes climáticos não há muito a fazer, há que apanhar a uva rapidamente, aquela que se puder salvar”, explicou.
Frederico Falcão falava à margem da prova anual de vinhos portugueses em Londres, que este ano mobilizou 23 produtores para apresentar cerca de 200 vinhos, representando nove regiões vitivinícolas distintas.
A ViniPortugal (Organização Interprofissional do Vinho de Portugal) agrupa estruturas associativas e organizações de profissionais ligadas ao comércio, produção, cooperativas, destiladores e aos agricultores, com a missão de promover os vinhos portugueses no exterior.
Dados do primeiro semestre de 2023 revelaram um aumento na exportação de vinhos portugueses para o Reino Unido, com um crescimento de 43,85% em valor e 18,15% em volume relativamente ao mesmo período de 2022.
O valor total destas exportações foi de aproximadamente 43,5 milhões de euros.
Parte deste desempenhou vinga uma aposta na promoção junto de garrafeiras independentes e restaurantes com cartas de vinhos ou ‘sommeliers’ para tentar posicionar os vinhos portugueses numa gama de maior qualidade, com preço mais alto.
Mas o presidente da ViniPortugal reconhece que o crescimento das exportações também se deveu à correria de alguns importadores em aumentar os ‘stocks’ antes da entrada em vigor de uma nova tabela tarifária sobre as medidas alcoólicas.
Desde agosto, o imposto sobre o vinho de mesa subiu em cerca de 20% e o vinho fortificado, como o vinho do Porto, em cerca de 44%.
“Não acredito que consigamos terminar com este crescimento tão alto. A esperança é que haja um bocadinho de quebra ou desaceleramento até ao final do ano, mas que depois que o mercado se ajuste aos novos preços” em 2024, declarou.
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