“Estou surpreendida com a notícia que foi hoje divulgada. O teatro está à venda há mais de seis anos e hoje toda a gente se lembrou de dar esta notícia”, disse a proprietária, em declarações à agência Lusa, depois de o jornal Público ter noticiado o assunto e de a ministra da Cultura ter reagido.
Alexandra Sequeira recordou que desde que decidiu vender o espaço contactou a Câmara Municipal de Portalegre, mas o município não avançou para a sua aquisição por “falta de verba”.
A proprietária acrescentou ainda que existem registos de que aquele espaço pertence aos “primeiros 20 teatros” existentes em Portugal.
“Foi o meu avô que o mandou construir, sempre foi privado, nunca foi do Estado”, adiantou.
Também em Portalegre, esteve à venda no OLX, num anúncio entretanto desativado, o antigo Cine-Teatro Crisfal, por 780 mil euros, sendo este espaço também propriedade de Alexandra Sequeira.
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, adiantou hoje ter pedido a avaliação do Teatro Portalegrense, para saber da possibilidade de classificação do imóvel.
“O que solicitei é que internamente, ao nível da Direção-Geral de Património Cultural (DGPC), fosse avaliada a possibilidade ou não da classificação do imóvel e, face a essa avaliação, o que poderia ou não ser a limitação de usos para um património que hoje é privado”, disse Graça Fonseca.
A governante, que falava à margem da 20.ª edição do Correntes d´Escritas, na Póvoa de Varzim, no distrito do Porto, lembrou que o espaço é pertença de privados já há muitos anos.
“Nunca foi classificado, nem sequer como de interesse municipal”, frisou, em relação ao edifício que chegou a acolher o Grupo Desportivo Portalegre.
Contudo, Graça Fonseca assumiu que o teatro “mantém algum interesse” e não foi totalmente descaracterizado no que é o seu perfil e marca histórica.
Por isso, o Ministério da Cultura vai avaliar a situação e definir as medidas que são necessárias e possíveis, acrescentando que o Estado “também não pode tudo”.
Segundo a informação disponível na página da DGPC, houve uma tentativa de classificação do teatro como Imóvel de Interesse Municipal, em 2009, por parte da proprietária, que contou com parecer favorável da câmara local.
No entanto, a Direção Regional de Cultura do Alentejo propôs o encerramento do processo de classificação “por não ter valor nacional”, algo que foi aceite pelo então Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR, hoje parte integrante da DGPC).
No entanto, a proprietária tem uma certidão, da Câmara de Portalegre, que refere que o teatro foi classificado como de interesse municipal a 08 de fevereiro de 2010.
Graça Fonseca aproveitou para dizer que Portugal tem um património extraordinário, seja de âmbito municipal, seja nacional, sendo necessário construir uma política estratégica e de futuro.
“É importante perceber o que tem de ser classificado e o que não está classificado e porque é que não está classificado”, referiu.
A ministra ressalvou ser importante que as situações não sejam só detetadas quando surgem “acontecimentos destes”, referindo-se à venda do teatro no OLX.
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