"Não é boicote", disse Miguel Albuquerque, após reunião da Comissão Política do PSD/Madeira, no Funchal, esclarecendo: "Nós não vamos promover, até por uma questão de respeito pelos nossos militantes, um ato que, depois, à luz dos critérios do Conselho de Jurisdição Nacional, é uma inutilidade".
O Conselho de Jurisdição Nacional do partido decidiu não contabilizar os votos da Madeira na primeira volta das eleições, no sábado, por estarem em desconformidade com o caderno eleitoral - a estrutura regional falava em cerca de 2.500 militantes em condições de votar, a secretaria-geral em apenas 104 -, e o seu presidente, Nunes Liberato, realçou que os dados divulgados não alterariam o desfecho das eleições diretas desse dia.
Face a esta decisão, o PSD/Madeira optou por "não promover" a segunda volta das eleições no arquipélago.
"Seria uma humilhação, novamente, para os nossos militantes, e nós não podemos colaborar com uma situação destas, de falta de respeito pelos nossos militantes", sublinhou Miguel Albuquerque.
O líder regional remeteu para mais tarde a decisão de avançar ou não com um pedido de impugnação do ato eleitoral.
"Isso depois vamos ver", disse Miguel Albuquerque, indicando que o "importante" é "defender aqueles que são os princípios fundamentais da autonomia estatutária do PSD/Madeira".
O diferendo entre as estruturas regional e nacional deriva do regulamento aprovado pelo Conselho Nacional, em novembro de 2019, sobre o modo de pagamento das quotas, indicando que só poderá ser feito por multibanco (através de referência aleatória), cheque, vale postal (apenas autorizado para militantes com 60 anos ou mais), débito direto, cartão de crédito ou MB Way.
A maioria dos militantes na Madeira paga as quotas diretamente na sede, sendo que apenas 104 cumprem os requisitos do novo regulamento.
"Nós não queremos promover guerras dentro do PSD nacional, nem há nenhuma guerra entre a minha pessoa e seja quem for", garantiu Miguel Albuquerque, reforçando: "O que existe é uma posição de princípio do PSD a nível regional na preservação da sua autonomia estatutária e não é nenhum regulamento que vai pôr em causa essa autonomia."
O presidente do PSD/Madeira afirmou que o mesmo princípio se aplica aos três deputados madeirenses na Assembleia da República, que se abstiveram na votação na generalidade do Orçamento de Estado para 2020.
"Não temos medo de coisa nenhuma e, por conseguinte, vamos continuar a atuar dentro destes princípios: defesa, em primeiro lugar, da Madeira", realçou.
Miguel Albuquerque desvalorizou, por outro lado, a posição do ex-líder do partido e ex-presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, mandatário da candidatura de Rui Rio, que defende a aplicação do novo regulamento.
"O dr. Alberto João Jardim, neste caso, é um militante como outro qualquer", observou.
Segundo os resultados ainda provisórios disponíveis no ‘site’ do PSD (mas que já atualizam os anunciados no sábado pelo Conselho de Jurisdição Nacional), o presidente do partido, Rui Rio, foi o candidato mais votado na primeira volta com 49,02% dos votos expressos, seguido de Luís Montenegro, que obteve 41,42% do total. O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, Miguel Pinto Luz, ficou em terceiro, com 9,55%, e fora da segunda volta.
Na Madeira, votaram 1.712 militantes, tendo Miguel Pinto Luz obtido 863 votos, enquanto Rui Rio reuniu 544 e Luís Montenegro 275.
Desta votação resultou ainda nove votos brancos e 21 nulos.
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