Em declarações aos jornalistas na sede da candidatura, em Lisboa, a quatro dias da segunda volta das diretas, Montenegro acusou Rio de, no passado sábado, ter insinuado que a sua candidatura andaria a oferecer lugares em troca de votos.
“Eu quero dizer aqui solenemente uma coisa: eu não convidei ninguém, eu não ofereci lugares a ninguém, mas não estou certo que o dr. Rui Rio e os seus apoiantes não andem a fazer isso um bocadinho por todo o país”, afirmou, dizendo ter relatos de pessoas que lhe falam de “algumas abordagens” nesse sentido, sem concretizar mais.
Na madrugada de domingo, Rui Rio afirmou que todos os votos em si foram por “convicção”, assegurando que não negociou nem vai negociar lugares.
“Não gosto de ver pessoas a lançarem suspeitas, insinuações para os outros, se calhar para esconder aquilo que fazem. Quero apenas dizer que eu não abordei ninguém nem ninguém da minha candidatura abordou ninguém com vista a trocar apoio por lugares, conforme foi insinuado pelo dr. Rui Rio no passado sábado”, reagiu hoje Montenegro.
No entanto, reiterou, “parece que há pessoas que, com ou sem conhecimento do dr Rui Rio, andam a falar de eleições autárquicas, de listas para o futuro”.
“Eu não o farei, absolutamente”, afirmou.
Questionado sobre a possibilidade de o PSD-Madeira boicotar a segunda volta das diretas do PSD, o candidato considerou “imperdoável” que a direção nacional não tenha acautelado com a direção regional “uma forma de permitir que haja participação normal” no arquipélago.
“Esta questão mancha o processo para todo o sempre. Espero que não seja com um diferencial equivalente aos votos da Madeira que se decida esta eleição, porque vai ficar sempre esta dúvida”, afirmou.
Luís Montenegro, que chegou a defender que todos os militantes do PSD pudessem votar com ou sem quotas em dia, lamentou ainda que Rui Rio não tenha aceitado o seu desafio para um debate televisivo.
“Infelizmente, parece que a candidatura do dr. Rui Rio e ele próprio preferem andar em diálogo e em piadolas de mau gosto nas redes sociais em vez de se concentrarem no essencial, debater ideias para o futuro”, afirmou.
Luís Montenegro disse estar “muito entusiasmado” com os apoios que tem recebido desde sábado, na primeira volta das diretas em que obteve teve 41,4% dos votos contra 49% de Rui Rio.
“Partimos os dois candidatos do zero. Para a eleição de sábado cada candidato neste momento tem zero votos e será vencedor o que obtiver pelo menos metade dos votos mais um”, disse.
Questionado sobre como explica a diferença de votação que teve para Rui Rio, o antigo líder parlamentar do PSD começou por dizer que, na campanha, foram “alimentando a convicção” de que haveria um ambiente muito positivo à volta da candidatura.
“Volto a relembrar que foram mais os militantes que optaram pela mudança do que pela continuidade”, afirmou.
Perante a insistência na pergunta, Luís Montenegro considerou que há sempre uma vantagem para o líder em exercício.
“No PSD, desde que me lembro, só há um único líder partidário que não tenha vencido uma eleição partidária ao qual se recandidatava”, disse, considerando que tal se deve ao funcionamento dos partidos políticos e das “dinâmicas à volta de uma liderança, que dispõe de instrumentos até administrativos”.
“Não me espanta que tenha acontecido, mas ao mesmo tempo a maioria dos militantes quis mudar”, repetiu.
O candidato admitiu, contudo, que tem pela frente “uma tarefa difícil”, mas disse estar “otimista e confiante”.
“Temos de conseguir manter os que confiaram em nós e absorver ouros que confiaram noutras candidaturas e ainda outros que não participaram”, afirmou.
O atual presidente do PSD, Rui Rio, e o antigo líder parlamentar Luís Montenegro disputarão no sábado uma inédita segunda volta das eleições diretas para escolher o próximo presidente.
Segundo os resultados ainda provisórios disponíveis no ‘site’ do PSD (mas que já atualizam os anunciados no sábado pelo Conselho de Jurisdição Nacional), Rio foi o candidato mais votado na primeira volta com 49,02% dos votos expressos, seguido de Luís Montenegro, que obteve 41,42% do total. O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais Miguel Pinto Luz ficou em terceiro, com 9,55%, e fora da segunda volta.
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