"O PSD do Porto não diaboliza o investimento privado. Não somos por princípio contra concessões desde que assegurado e salvaguardado o interesse público, mas não podemos esquecer que o Coliseu já é gerido por uma instituição privada de interesse público – a Associação de Amigos do Coliseu. O modelo de concessão apresentado por Rui Moreira e que terá a concordância da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) levanta-nos muitas dúvidas relativas à sua futura viabilidade", considera, em comunicado, a concelhia social-democrata.
O presidente da Câmara do Porto anunciou, a 29 de janeiro, que vai propor que o Coliseu seja concessionado a privados por forma a avançar com as obras de requalificação que têm um custo estimado em 8,5 milhões de euros.
Para o PSD/Porto, não existe "justificação legal ou política" para que a reabilitação do imóvel não seja financiada por fundos comunitários.
Os sociais-democratas salientam também não existir "justificação" para que a Câmara Municipal do Porto, à semelhança do Governo, "vire a cara ao Coliseu".
"Não há justificação para que a Câmara do Porto, que sobrecarrega fiscalmente os portuenses e que apresenta enormes saldos de gerência, vire a cara ao Coliseu e também não há justificação para que um Governo, profundamente centralista, vire, mais uma vez, a cara ao Porto, destratando um dos nossos símbolos", acrescenta.
O PSD apela ao "reforço da discussão" pública em torno do futuro do Coliseu, imóvel de interesse público e "um símbolo da cidade" com cerca de 80 anos de história.
"Aprofunde-se a discussão sobre o futuro do Coliseu, não fujam às suas responsabilidades aqueles que não podem fugir, a Cidade, estou certo de que, hoje como no passado, saberá dizer Presente!", defende o líder da concelhia, Hugo Neto, citado no comunicado.
O líder da concelhia recorda que, em agosto de 1995, o Coliseu esteve para ser vendido à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), situação que gerou uma onda de indignação na cidade, mobilizou milhares de pessoas e levou mesmo o músico Pedro Abrunhosa a acorrentar-se ao edifício, durante uma manifestação na Rua de Passos Manuel.
Em janeiro, e em declarações aos jornalistas à saída de uma reunião com os conselhos municipais de Cultura e Economia, Rui Moreira explicou que, na impossibilidade de recorrer a fundos comunitários, a concessão a privados foi a solução encontrada para garantir o restauro daquela sala de espetáculos, uma vez que a Associação Amigos do Coliseu, proprietária do espaço, não tem condições para o fazer.
Em abril de 2018, a Associação dos Amigos do Coliseu do Porto aprovou o contrato-patrocínio com a seguradora internacional Ageas, que se comprometeu a apoiar o espaço com 900 mil euros, durante três anos.
A Associação dos Amigos do Coliseu Porto, sem fins lucrativos e com estatuto de utilidade pública, foi fundada em 1995 para evitar a venda do edifício à Igreja Universal do Reino de Deus.
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