“Viemos aqui fazer um apelo a todos os madeirenses e porto-santenses para tomarem muito cuidado com as promessas do Partido Socialista e do PSD relativamente ao ferry. O que esses senhores querem é um ferry entregue ao Grupo Sousa. Ora, o Grupo Sousa tem o monopólio dos portos para a Madeira, por isso só quer um ferry para passageiros. Como nós reparámos, e já vimos, o ferry de passageiros, só de passageiros, dá prejuízo”, afirmou o número dois da lista do PTP às eleições antecipadas de 26 de maio, Gil Canha, numa ação de campanha junto ao porto do Funchal.
A caravana do PTP, com oito apoiantes e militantes, entre os quais a cabeça de lista às eleições regionais, Raquel Coelho, empunhava hoje bandeiras do partido e cartazes de protesto, em que se podia ler: “Trabalhadores anticorrupção” e “Olho na máfia!”.
Em outro dos cartazes via-se a fotografia da procuradora-geral da República como “Santa Lucília Gago”, considerando o PTP que a magistrada é “uma exceção à regra no meio da justiça”.
Justiça que, segundo o PTP, persegue “os denunciantes” e protege “os corruptos”.
Depois da ação no porto do Funchal, a comitiva do PTP seguiu para o centro da cidade para distribuir folhetos, com o desenho de um coelho a apelar ao voto, bem como a desafiar a população a jogar “contra a corrupção”, através do “Monopólio Mamadeira”, em que o objetivo é “a devolução do orçamento regional ao povo”.
“O nosso apelo é que as pessoas abram os olhos e vejam que as promessas desses partidos [PS e PSD] são complementamente falsas, são só para enganar as pessoas”, apontou Gil Canha, que já foi deputado independente na Assembleia Legislativa da Madeira.
O candidato do PTP disse que quando estava no parlamento regional entrou em contacto com os três armadores espanhóis que asseguram o transporte marítimo em Huelva, Cádis e Tenerife e perguntou se podiam fazer “um desvio, nem que seja duas vezes por mês, à Madeira”, referindo que as três empresas “concordaram sem receber qualquer subsídio”.
“O medo desses armadores era que o grupo monopolista, juntamente com o Governo, sabotasse a operação, isto é: as três empresas – a Trasmediterranea, o [Naviera] Armas e a Fred. Olsen – estavam disponíveis para fazer um pequeno desvio e trazer o ferry à Madeira. O que não prometiam era irem em direção a Portimão, mas garantiam que iam a Huelva ou Cádis”, afirmou Gil Canha, referindo que de Huelva até Vila Real de Santo António são 40 minutos de carro e sublinhando que, assim, “estava resolvido o problema da Madeira de poder ter um transporte de ferry de mercadorias e de passageiros do continente europeu para a ilha da Madeira”.
O número dois da lista do PTP reclamou ainda sobre os preços do Grupo Sousa, referindo que transportar um contentor da China para Lisboa é mais barato do que Lisboa para o Funchal, o que “é um absurdo”.
“Isto só prova que os governos do PSD e do PS protegem este grupo monopolista em prejuízo dos madeirenses”, reforçou, referindo-se ao Grupo Sousa, sediado na Madeira e responsável pela navegação do ferry Porto Santo Line, onde opera com o navio Lobo Marinho, na ligação entre Funchal e Porto Santo.
As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.
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