“Atendendo ao padrão de consumo dos brasileiros. (...) As pessoas estão muito ligadas à informação através do telemóvel, não necessariamente através do computador", salientou David Pontes, numa conversa telefónica com a agência Lusa.
"Estamos a desenvolver a aplicação (...). O mais tardar em setembro, estaremos no ar. É provável que antes disso já tenhamos alguma coisa para começar a experimentar e a mostrar. Mas podemos marcar o lançamento oficial para setembro", afirmou.
Segundo David Pontes, a fase experimental do projeto arranca a 12 de agosto, tendo o coordenador editorial, Vicente Nunes, adiantado que está marcada, para o próximo dia 10, uma pré-apresentação para personalidades da comunidade brasileira, de Portugal, jornalistas e potenciais anunciantes.
Integrado no Público, apesar de resultar de uma parceria com seis jornalistas brasileiros que não pertencem aos quadros do jornal, o Público Brasil não vai ter uma direção própria, sendo a mesma do diário português, liderada por David Pontes. Porém, o projeto tem um coordenador, o jornalista Vicente Nunes, que até agora era correspondente do Correio Brasiliense em Lisboa.
"Não tenho números para isto”, confessou David Pontes, quando questionado sobre o tempo esperado para retorno de investimento e receitas. Mas, acrescentou: “a nossa expectativa é que ao fim de algum tempo, nomeadamente se conseguirmos passar para um modelo de subscrição, isso nos ajude a crescer". “Queremos ver se, em termos de publicidade e das outras coisas que vamos fazer à volta, tornamos o projeto sustentável".
As outras coisas à volta são as conferências com temas relacionados com os brasileiros, que já estão a ser programadas e, dentro da própria aplicação, informação específica que “ajude as pessoas”.
“É, um bocado como toda a imprensa, procurar outras fontes de sustentabilidade para os projetos, nomeadamente na área dos eventos", disse.
Para já, o projeto está numa fase de investimento, remetendo David Pontes para a administração a informação sobre os valores envolvidos.
Declarando-se confiante em que o projeto vai "chegar a muitas pessoas", o diretor salientou que "a qualidade do Público" e o trabalho dos jornalistas brasileiros envolvidos "vão tornar o Público Brasil numa coisa apetecível em termos de informação".
No consórcio que detém o projeto, o Público tem a maior fatia da sociedade, 51%, e o grupo de seis jornalistas brasileiros 49%. Os jornalistas que fazem parte da parceria com o Público "serão, no fundo, a redação" do novo espaço de informação, explicou, frisando que a escolha da solução de parceria resultou de contactos realizados ao longo de meses com outros meios de comunicação social brasileiros, nomeadamente com o Correio Brasiliense e a Revista Veja.
"Já há uns meses largos que andamos a tentar encontrar uma solução para aquilo que nos parece uma oportunidade, que é falar para uma comunidade crescente a viver em Portugal que veio do Brasil e uma comunidade que também continua a existir, a daqueles que querem vir do Brasil para Portugal", afirmou.
"Existe transversalmente na sociedade brasileira (...) uma enorme atração por Portugal. O Brasil (...) continua a enfrentar problemas sociais e urbanos muito complicados e Portugal é visto como um destino para os sonhos deles", acrescentou.
Por isso, adiantou que o Público Brasil também quer dar a estas pessoas formas de “estarem mais próximos e apostar numa coisa que faz diferença, a informação fiável e credível”.
Segundo David Pontes, já no arranque da sua direção, no verão de 2023, “estava enunciada a vontade de olhar” para aquela comunidade.
“É muita gente, são mais de 500 mil, provavelmente, a viver entre nós, portanto achamos desde há muito tempo que há aqui uma oportunidade editorial", acrescentou.
De acordo com aquele responsável, na aplicação serão disponibilizados conteúdos nas várias linguagens que o jornalismo tem hoje, mas “a grande aposta” será sempre na informação digital escrita e alguma infografia, mas também ‘podcast’.
Quanto a temas a tratar, o responsável do Público disse que ainda estão a ser definidos, mas realçou que a comunidade brasileira precisa de saber coisas das suas relações, mas também de informação sobre economia, imobiliário e ensino.
“No fundo, questões práticas que se prendem com a vinda para cá", salientou.
Sobre a concorrência do DN Brasil, projeto do Diário de Notícias, lançado na semana em que o Público anunciou a criação do Público Brasil, no início de junho, David Pontes disse não ser uma preocupação.
"Também concorremos com o DN em notícias", e "provavelmente há espaço para todos", frisou.
Em junho, o Diário de Notícia lançou o DN Brasil, projeto direcionado à comunidade brasileira em Portugal, que oferece, todas as segundas-feiras, duas páginas escritas em português do Brasil e, na primeira segunda-feira de cada mês, um suplemento com histórias de brasileiros em Portugal e informações úteis para a comunidade.
Por outro lado, existe um 'site' que é atualizado diariamente com conteúdos que estão agora a ser estreados nos formatos 'podcast' e vídeo, iniciativa que, segundo o jornal, se refletiu já nas vendas.
Comentários