De acordo com informação da Sonangol, o processo de escolha “salvaguardou o cumprimento de todos os trâmites legalmente previstos” e incluiu “etapas adicionais de interação direta entre as partes, no sentido de reforçar a transparência, equidade e aplicação dos princípios éticos” que “presentemente, regem a atividade da empresa”.
Implicou ainda a criação de uma comissão de avaliação independente, multidisciplinar, tendo resultado, na fase de pré-qualificação, no convite para apresentação de propostas às empresas BDO, KPMG, GB-Consultores Reunidos, PwC e E&Y.
Apenas quatro submeteram propostas para avaliação, passando posteriormente à fase de negociação a PwC e a E&Y.
Contudo, a Sonangol refere que foi informada posteriormente pela Ernest & Young “sobre a existência de uma potencial incompatibilidade de projetos, identificada pela sua estrutura internacional, que motivou a sua retirada do processo de negociação neste concurso”.
“Em face disto, a comissão de avaliação acabou, naturalmente, por indicar como vencedora a proposta da empresa PwC”, esclarece a Sonangol, sem adiantar valores para este negócio.
A PwC já tinha auditado as contas da Sonangol em 2016, validando-as, mas com “reservas”, nomeadamente na natureza e circunstância das “transações de diversas naturezas” que a petrolífera mantém com o Estado angolano, sobre a recuperabilidade de investimentos realizados anteriormente e também pela alteração da política contabilística do grupo.
Em julho último, a administração da Sonangol, cujo processo de reestruturação está a ser conduzido por Isabel dos Santos desde 2016, responsabilizou a gestão anterior pela situação da petrolífera estatal, nomeadamente pela “inação” ao lidar com a quebra nas receitas nos dois anos anteriores.
A posição surge numa abordagem à situação da Sonangol no seu relatório e contas de 2016 – auditado pela PwC -, apresentado naquele mês, e que enfatiza as consequências da “redução estrutural do preço do petróleo” desde finais de 2014.
O cenário de “redução acentuada de receitas da Sonangol não foi acompanhado, quer em 2015 quer no primeiro semestre de 2016, por uma redução de custos nem por uma revisão da estratégia de investimento” da empresa.
“Esta inação conduziu a uma situação difícil perante os credores internacionais, reduzindo a capacidade de obter novos financiamentos, fundamentais para a sustentabilidade das operações e para a manutenção dos níveis de produção”, lê-se no relatório e contas da empresa.
A administração da Sonangol era liderada desde 2012, até à nomeação (junho de 2016) de Isabel dos Santos pelo chefe de Estado, por Francisco de Lemos José Maria, que por sua vez sucedeu a Manuel Vicente, eleito então vice-Presidente da República.
As críticas à gestão anterior já tinham sido feitas diretamente por Isabel dos Santos em dezembro último, quando, em conferência de imprensa, anunciou que a petrolífera angolana precisava de uma reestruturação financeira e de 1.569 milhões de dólares (1.476 milhões de euros) para fazer face às necessidades de pagamentos.
Após uma análise às contas da petrolífera, Isabel dos Santos afirmou mesmo que a situação da Sonangol era “bastante mais grave do que o cenário inicialmente delineado”, obrigando a “decisões de gestão com caráter de urgência”.
O resultado líquido consolidado da Sonangol em 2016 foi de 13.282 milhões de kwanzas (70,5 milhões de euros), uma quebra de 72% face ao exercício de 2015, “como resultado de uma diminuição nos resultados financeiros e nos resultados de filiais e associadas”, reconhece a petrolífera, no seu relatório e contas.
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