Os 32 países da Aliança Atlântica nomearam esta quarta-feira o primeiro-ministro holandês, em final de mandato, de 57 anos, para ser o próximo Secretário-Geral da NATO. Assumirá funções no primeiro dia de outubro.

Rutte, que tem 1,93m de altura, muitos apelidos, como "Teflon Mark", pela sua capacidade de se manter no poder, ou "The Trump Whisperer", aquele que sussurra ao ouvido de Trump.

A primeira habilidade tornou-o o primeiro-ministro que mais tempo esteve no cargo no seu país. Em 2021, sobreviveu  à dissolução do seu Governo após um escândalo relacionado a benefícios sociais.

A segunda qualidade poderá ser crucial à frente da NATO se Trump, cético quanto ao compromisso dos Estados Unidos na Aliança, ganhar um segundo mandato este ano.

Em 2018, conseguiu salvar uma cimeira da NATO ao falar com Trump sobre investimentos em defesa. Numa visita a Washington em 2018, não hesitou em interrompê-lo com um sonoro "não".

Rutte também tem uma imagem de "Sr. Normal". Além de chegar de bicicleta a reuniões com líderes estrangeiros, faz as suas próprias compras no supermercado e conduz um Saab para os encontros com o rei.

Os Países Baixos assinaram este ano um acordo de mais de 2 mil milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia ao longo de dez anos.

Rutte também liderou esforços para equipar Kiev com caças F-16 para melhor se defender contra a invasão russa que começou em fevereiro de 2022.

"A Ucrânia deve vencer esta guerra. Pela sua segurança e pela nossa", disse Rutte, o quarto holandês à frente da NATO.

"Senhor Não"

Os seus 14 anos como primeiro-ministro foram marcados, entre outros, pelo caso do voo MH17 da Malaysia Airlines, atingido por um míssil russo enquanto sobrevoava a Ucrânia. Entre os 298 mortos estavam 196 holandeses.

Rutte descreveu recentemente o presidente russo, Vladimir Putin, como "frio, brutal e implacável".

É segundo líder europeu com mais tempo em exercício, depois do húngaro, Viktor Orban, e conseguiu convencer a Turquia e a Hungria, os mais resistentes à sua candidatura à NATO.

Orban não gostou quando Rutte disse que a Hungria não deveria fazer parte da União Europeia depois de adotar uma lei que proíbe a promoção de conteúdo LGBTQIAPN+ a menores.

Também irritou países do sul da Europa com sua linha dura em relação aos resgates financeiros durante a crise da dívida da zona euro, o que lhe valeu outro apelido, "Sr. Não".

A sua carreira política nos Países Baixos foi marcada por vários escândalos.

No ano passado, o colapso repentino da sua coligação, após uma disputa sobre o direito ao asilo, levou a eleições antecipadas, vencidas pela extrema direita de Geert Wilders.

Rutte é o mais novo de sete irmãos. O seu pai, Izaak, era comerciante. A sua mãe, Mieke, era irmã da primeira esposa de Izaak, que morreu num campo japonês durante a Segunda Guerra Mundial.

Embora sonhasse em ser pianista, estudou na Universidade de Leiden e acabou a trabalhar para a gigante anglo-holandesa Unilever.

O seu estado civil, solteiro, gerou especulações na imprensa, um tema que sempre evitou, garantindo que era "feliz".

Descreve-se como um "homem de costumes e tradições" e passou toda a sua vida em Haia, onde leciona voluntariamente.

"Mark não gosta de mudanças, quer sempre a mesma coisa", diz Marco Rimmelzwaan, seu cabeleireiro.