São praticamente dois anos de pandemia no mundo. Portugal entrou nas estatísticas em março e, a partir desse dia, as imagens dos hospitais portugueses tornaram-se constantes na comunicação social. A Norte, o Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, liderava a resposta, tendo chegado a apoiar hospitais de todo o país, incluindo Lisboa, nas fases mais graves por que Portugal já passou.
Tudo isto enquanto abria as portas para mostrar o que estava a ser feito e desfazer mitos sobre a forma como se lida com o desconhecido.
Agora, o CHUSJ é dado como exemplo pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O São João foi uma das instituições europeias identificadas pelo escritório europeu da OMS, pelas suas boas práticas em saúde em contexto de pandemia. A experiência do CHUSJ foi apresentada durante a “High Level Experts Meeting on Quality of Care in the post-COVID-19 era – Meeting of Minds”, que está a decorrer em Atenas, na Grécia.
Segundo o hospital, a estratégia de comunicação e assessoria de imprensa "assentou num conjunto de princípios bem definidos: antecipação; qualidade informativa; transparência; rigor; proximidade e abertura; bom senso; e uma sólida cultura de comunicação. Esta política permite que o São João seja o hospital português com maior impacto mediático no contexto global e pandémico. Permitiu ainda ser distinguido como marca de responsabilidade social em 2020".
"A comunicação em situações de crise deve ser uma extensão das decisões que são tomadas pelas instituições envolvidas", diz Rui Neves Moreira, assessor de imprensa do CHUSJ. "Rapidamente percebemos que só estando próximos dos meios de comunicação e, por sua vez, da sociedade, seríamos eficazes na transmissão de mensagens e da informação que queríamos veicular", acrescenta ao SAPO24.
"Quisemos desde o início estar do lado da informação verdadeira, relevante e esclarecedora. Por outro lado, percebemos que comunicar saúde seria um campo de oportunidades, uma vez que o setor absorveu grande parte do espaço mediático."
Em quase dois anos, foi possível aprender "sobretudo, que vivemos numa era em que é impossível não se comunicar. Não existe ‘anti-Comunicação’", diz ainda Rui Neves Moreira. "Desta forma, e fruto da exigência que a comunicação social nos impôs, foi indispensável ter um plano estratégico de comunicação, onde constam as linhas orientadores e os circuitos de informação internos e externos."
A abordagem compensou e é agora usada pela OMS como exemplo do que deve ser feito. A questão é: porque não é feito mais vezes? Rui aponta para "uma questão política e de postura das instituições". Afinal, "a comunicação e a assessoria de imprensa são o reflexo e uma extensão das lideranças".
"A comunicação, seja ela de que índole for, deve estar no centro das decisões. No CHUSJ, esta foi a estratégia adotada e só desta forma nos parece que seja eficaz transmitir mensagens e informação relevante", conclui.
Para além da comunicação, a OMS destacou também a gestão de Medicina Intensiva durante a pandemia e as práticas do serviço de urgência, identificadas para serem apresentadas como caso de estudo de boas práticas em cuidados de saúde.
“A infeção por covid-19 apresentou desafios sem precedentes aos serviços de medicina intensiva. Inicialmente, foi necessária uma resposta imediata e, subsequentemente, implementada uma resposta mais sustentável e robusta”, diz o CHUSJ em comunicado.
“Ambas foram incorporadas no nosso modelo e cultura de prestação de cuidados de saúde. Algumas dessas respostas realizadas no nosso serviço de medicina intensiva levaram a uma grande transformação estrutural. A resposta ao doente crítico do CHUSJ apresenta excelentes resultados no panorama internacional, sendo considerado um exemplo de boas práticas”, acrescenta.
Numa altura em que o distanciamento se tornou palavra de ordem, o serviço de urgência passou a enviar mensagens aos familiares dos doentes, via SMS e pela aplicação My São João, explicando o estado do doente e os processos que estava a realizar.
“Este sistema muito simples permitiu manter uma interação próxima com os familiares dos doentes e contribuiu para uma experiência positiva, num período muito exigente para os cidadãos e o sistema de saúde”, diz ainda o hospital.
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