A pintura roubada - que representa um Cristo "Salvador do Mundo" - encontrava-se originalmente no museu da igreja de Santo Domingo Maior, instituição que faz parte de um conjunto monástico no centro histórico de Nápoles.
De acordo com o delegado do Ministério Público daquela cidade italiana, Giovanni Melillo, não tinha sido registado nenhum furto da obra, e, contactado o padre responsável, nem ele se tinha dado conta da falta da pintura, que estava fechada numa sala há seis meses.
Os museus italianos têm estado quase sempre encerrados nos últimos dez meses, por precaução, face à expansão da pandemia covid-19.
As imagens divulgadas pela polícia mostram uma sala com grandes portas em madeira e fechadura antiga, aberta por chaves que, em princípio, deveriam estar guardadas num cofre.
"A investigação continua em curso, mas é possível que este roubo tenha sido encomendado por uma organização dedicada ao comércio internacional de arte", disse o procurador à imprensa napolitana, na segunda-feira, adianta a agência France Presse.
O quadro foi encontrado pelas autoridades na casa de um comerciante de 36 anos, que garantiu tê-la comprado numa feira da ladra local. A polícia também apreendeu uma arma na residência.
A igreja de Santo Domingo Maior, que já foi alvo de roubos no passado, guarda um conjunto importante de obras que têm sido expostas em museus de Nápoles, assinadas por artistas do Renascimento, como Caravaggio, Rafael e Ticiano.
Em 2017, um "Salvator Mundi" atribuído a Leonardo da Vinci, e dado como desaparecido havia anos, foi comprado por cerca de 450 milhões de dólares (380 milhões de euros) pelos Emirados Árabes Unidos, mas a autoria tem sido questionada por alguns especialistas.
Dois anos mais tarde, quando França e Itália quiseram comemorar os 500 anos do génio italiano, não conseguiram apurar o paradeiro do quadro mais caro do mundo, no qual Cristo emerge das trevas abençoando o mundo com uma mão, e segurando um globo transparente na outra.
O "Salvator Mundi" atribuído a Leonardo da Vinci e este do museu napolitano – pintado por um dos seus discípulos - foram expostos em 2015, em Nápoles, durante uma visita do papa Francisco à cidade.
A iconografia do "Salvator Mundi" é inspirada numa representação de Cristo da época bizantina, retomada em primeira instância pelos pintores flamengos.
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