O anúncio foi feito na cerimónia de doação da pintura “Apresentação da Virgem no Templo”, que foi oferecida pelos príncipes Aga Khan e Amyn ao Museu Nacional de Soares dos Reis, onde a obra vai ficar exposta.
“Posso acrescentar que não só demos estas pinturas a estes museus, [como] obviamente vamos financiar o restauro destas imagens, tanto em Lisboa, como aqui”, anunciou.
Na cerimónia que contou com a presença da secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, o príncipe Amyn explicou que houve a preocupação de partilhar com o público de todo o país estas pinturas, daí a escolha de oferecer a “Apresentação da Virgem no Templo” ao Porto.
“Quando estas pinturas foram descobertas em Lisboa, nós decidimos que a qualidade era tamanha que devia ser partilhada com os portugueses em geral. E daí a decisão de dar duas das pinturas a Lisboa e trazer esta para o Porto, em parte para assegurar que cobrisse o país inteiro e não estivesse exclusivamente concentrado em Lisboa”, declarou.
O príncipe Amyn considerou que, com esta doação, o Museu Soares dos Reis vai ser capaz de iniciar um novo ciclo que vai cobrir os séculos anteriores assim como o século XIX, apesar do facto de o museu ter sido batizado com o nome de um escultor do século XIX.
“Estou contente, isto vai adicionar um novo ciclo a este museu, que eu penso não poderia ser mais interessante, ainda mais porque sinto que este museu tem um grande potencial na área da educação”, observou.
A “Apresentação da Virgem no Templo”, de Bento Coelho da Silveira, óleo sobre tela com 228 por 216 centímetros, data do ano de 1695.
As obras foram doadas através do Imamat Ismaili e da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, entidades que estabeleceram um acordo, em 2015, com o Estado Português, para instalação da sua sede mundial em Lisboa.
No dia 29 de março, foram doadas, ao Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, duas pinturas portuguesas do século XVII, do mesmo pintor, o “Repouso no Regresso do Egipto” e “Virgem com o Menino e a Visão da Cruz”.
“Repouso no Regresso do Egipto”, óleo sobre tela com 219 por 216 centímetros, de 1695, “é uma obra admirável de Bento Coelho, pela sua dinâmica e encenação assumidamente barrocas”, descrevia em comunicado o Ministério da Cultura, à data da cerimónia de doação.
Já “Virgem com o Menino e a Visão da Cruz”, óleo sobre tela com 221 por 227 centímetros, também de 1695, segue de perto a obra do pintor maneirista Maarten de Vos (1532-1603), conhecida através de uma gravura de 1614, de Raphael Sadeler.
A Igreja de São Cristóvão, em Lisboa, reúne um dos maiores núcleos conhecidos de obras do pintor maneirista Bento Coelho da Silveira, com 44 telas, entre as quais a “Última’ Ceia”, recém-restaurada no âmbito de uma ação de financiamento coletivo, inserido no projeto “Arte por São Cristóvão”, do Orçamento Participativo de Lisboa, que mobilizou artistas como Rui Chafes e Madalena Vitorino.
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