“Quando o centro direita pensa que traz a extrema-direita para esfera do poder, na tentativa de a controlar, o que acontece é que as democracias se perdem”, afirmou hoje Rui Tavares, considerando que esse “é um risco real” para Portugal.
Para o porta-voz do Livre o país tem à frente “uma caminho muito estreito” marcado pelo “abismo à direita”, cujos partidos diz estarem “em processo autofágico, de canibalização interna”.
“Imaginemos o que será se a direita mais radicalizada, a extrema-direita, governar em Portugal”, desafiou, sustentando que tal significará “que passado pouco tempo de andarem a olhar por cima dos ombros uns dos outros, a ver quem espeta a faca primeiro, a faca será espetada”.
Um cenário perante o qual os partidos de esquerda tem que “ter uma grande capacidade” de serem “maduros o suficiente, para crescer, não só nas sondagens – e a esquerda precisa toda de crescer nas sondagens, conquistando o votos ao centro, à direita e aos indecisos – mas também a capacidade de crescer em maturidade”, disse.
Para o líder do Livre, a ‘geringonça’, que foi no seu tempo “inovadora”, não é agora suficiente, numa altura em que o país precisa de “um sistema que funcione com as melhores práticas europeias, o que significa dizer claramente às pessoas que estamos dispostos a negociar um conjunto um programa de Governo”.
A maturidade da esquerda passa, no entender de Rui Tavares, por “saber que não vai governar sozinha, mas sim com a sociedade civil”, abrindo um debate nacional sobre o futuro do país, acrescentando “aos Três D” do 25 de Abril (Democratizar, Descolonizar, Desenvolver), outros dois: os do dinamismo e da dignidade”.
Uma esquerda madura é “uma esquerda que seja capaz de falar ao centro e à direita democráticas”, explicou, considerando que estas duas alas da política terão “que conversar” para dar resposta aos mecanismos que precisam de uma maioria de dois terços.
Na “renovação democrática” que defende, Rui Tavares admite a criação de um circulo nacional de compensação ou a aposta em sistemas semelhantes aos da Dinamarca ou do Brasil, em que “os partidos concorrem sozinhos mas declaram a sua disponibilidade para formar uma maioria parlamentar e para que a contagem seja feita em conjunto para efeitos de determinação de mandatos”.
Um sistema que “permite identificar, isolar e acantonar a extrema-direita, porque a direita terá que fazer uma escolha” e clarificar, antes das eleições, se ” essa extrema-direita está ou não com eles “, afirmou, vincando que “o povo tem de saber”.
Rui Tavares falava nas Caldas da Rainha, onde hoje participou na apresentação da cabeça de lista do partido Livre pelo distrito de Leiria, Inês Pires.
Formada em Bioquímica e Biologia celular a candidata, de 28 anos, é militante do Livre desde 2019 e apresentou hoje uma programa com o qual pretende responder aos problemas no distrito, sobretudo no que respeita à precariedade, habitação, saúde, edução, mobilidade e alterações climáticas.
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