Sánchez foi convocado por um juiz para prestar declarações hoje e tinha afirmado estar disponível para testemunhar, mas por escrito, dizendo que é isso que estabelece a lei do processo penal de Espanha para os líderes do Governo quando estão em causa processos relacionados com o exercício do cargo.
O juiz respondeu, porém, que Sánchez foi convocado para testemunhar por ser marido de Begoña Gómez e não por ser primeiro-ministro e manteve a decisão de recolher o testemunho de forma presencial, numa declaração oral que teria de ser gravada e que decorreria dentro do Palácio da Moncloa, a sede da Presidência do Governo, em Madrid.
O magistrado, assim como representantes do Ministério Público e advogados das defesas e das acusações, deslocaram-se à Moncloa hoje para recolher o testemunho de Sánchez.
No entanto, o primeiro-ministro invocou a lei do processo penal, que prevê o direito ao silêncio de testemunhas quando estão em causa investigações relativas aos seus cônjuges, explicou aos jornalistas a advogada Marta Castro, do partido de extrema-direita Vox, que esteve presente na Moncloa como representante das “acusações populares” que se constituíram neste processo.
A investigação de que é alvo Begoña Gómez tem como base queixas de associações ligadas à extrema-direita e centra-se, em particular, na sua relação profissional com um empresário cujas empresas negociaram ajudas públicas ou participaram em concursos públicos num período em que Pedro Sánchez já era primeiro-ministro.
Em linha com as conclusões de dois relatórios da investigação policial, o Ministério Público considerou não haver indícios de irregularidades e fundamento para o caso e pediu o arquivamento, não havendo ainda resposta a este recurso.
Já o juiz de instrução considera haver indícios suficientes para continuar com a investigação e tem chamado diversas pessoas para prestar declarações.
Pedro Sánchez e o Partido Socialista espanhol (PSOE), que lidera, têm reiterado não haver nada que fundamente esta investigação judicial e que está em causa uma perseguição política e pessoal ao chefe do Governo e à sua família.
Juntamente com a lei de amnistia para os independentistas catalães, este caso é há várias semanas o principal alvo de ataque ao primeiro-ministro por parte da oposição.
Este caso foi também o motivo que levou Sánchez a ponderar demitir-se no final de abril, afirmando-se vítima, com a família, de uma “máquina de lodo” que difunde mentiras e desinformação na Internet que são depois levadas para o debate político pela direita e pela extrema-direita e judicializadas com queixas de associações extremistas.
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