A conversa durou perto de meia hora, logo a seguir ao comício no mercado municipal de Famalicão, e terminou já bem depois da meia-noite. Ao 10.º dia de campanha oficial, nota-se o cansaço na voz de Sebastião Bugalho.

É a propósito do apoio do PPE - Partido Popular Europeu (grupo em que se insere a AD) à candidatura de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, e da polémica afirmação de que estaria disposta a um entendimento com a extrema-direita, que o cabeça de lista da Aliança Democrática ferve: "A Comissão Europeia já tem neste momento um comissário do ECR sentado ao lado de Elisa Ferreira e do PS. E, que eu tenha dado conta, a extrema-direita não tomou conta da Europa".

E no entanto, ainda esta semana o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, apelou a um acordo entre as líderes da direita radical de Itália e França, que concorrem às eleições europeias em diferentes famílias políticas, ECR e ID, respectivamente, para aproveitar uma "oportunidade histórica" para "mudar" Bruxelas.

No que toca a linhas vermelhas, Sebastião Bugalho garante que as tem claras e acusa Marta Temido e o PS de não explicarem as suas e terem como spitzenkandidat Nicolas Schmit, "apoiado por governos que criminalizam o aborto, deportam migrantes e têm muros físicos nas fronteiras".

Actualmente, a AD (PSD e CDS) tem sete dos 21 eurodeputados portugueses, o PS tem nove. Quantos conseguirá para os próximos cinco anos é uma incógnita, mas o programa  já está definido. Reforçar o papel da UE na NATO para ficar menos dependente dos Estados Unidos em matéria de defesa ou ter um comissário dedicado às pequenas e médias empresas, que "representam 90% do tecido empresaria europeu", são dois de uma série objetivos, focados no crescimento económico, na defesa e nas migrações.

Assume-se como independente. O que o separa do PSD?

Sou cabeça-de-lista da Aliança Democrática, naturalmente que me revejo na grande família social-democrata e democrata-cristã que integra o PPE, o Partido Popular Europeu. Sou independente, como a minha mandatária para a Juventude [Ana Gabriela Cabilhas] é independente, como há deputados à Assembleia da República independentes. Não sou o primeiro independente da democracia portuguesa.

A pergunta é o que o separa do PSD - o eleitor quer saber onde se posiciona Sebastião Bugalho.

Sou um moderado, uma pessoa conservadora, mas não do ponto de vista tradicionalista. Ou seja, sou conservador do ponto de vista processual, acho que as reformas têm de ser feitas com pés e cabeça, não sou favorável a imediatismos. E uma das razões pela qual esta campanha se bateu foi para significar mudança sem representar ruptura, foi para significar disrupção sem significar destruição. Ou seja, é um posicionamento moderado, de bom senso. E é aí que nos posicionamos. Mas repare, isto não é o Sebastião Bugalho, é o nosso programa, é a nossa equipa, é a nossa coligação.

Ursula von der Leyen, candidata do PPE à Comissão Europeia, diz que não terá problema em aliar-se à extrema-direita se isso lhe der a vitória. Seria esta a sua candidata e concorda com ela?

Ursula von der Leyen disse explicitamente "eu vou aliar-me à extrema-direita", disse isso?

"Sou uma pessoa conservadora, mas não do ponto de vista tradicionalista. Não sou favorável a imediatismos"

Disse explicitamente que, se necessário, se aliaria com a extrema-direita, sim. Abriu a porta a entendimentos - e foi atacada por todos por causa disso.

Mas ou tem linhas vermelhas ou não tem.

"Ser a favor da Europa [UE], ser a favor da Ucrânia (ou contra Putin), ser a favor do Estado de direito". Estas são as linhas vermelhas que Von der Leyen traçou.

Dentro das famílias políticas europeias há várias sensibilidades, não são todas iguais. Mas as linhas vermelhas de Ursula von der Leyen são iguais para todos os partidos e para todas as famílias: o Estado de direito, o europeísmo e a defesa da Ucrânia, a defesa da paz na Ucrânia.

E a Aliança Democrática, no que toca à recandidatura da atual presidente da Comissão, apoia estas linhas vermelhas e, obviamente, tem as mesmas linhas vermelhas que a AD mantém no governo nacional, que são os direitos-humanos. Temos uma linha vermelha que são os direitos humanos e constitucionais. Espero que isto não seja uma novidade para os portugueses, apesar da tentativa dos nossos adversários de confundirem os nossos eleitores.

Não falei em adversários. Se Ursula von der Leyen é capaz de se aliar à extrema-direita, é porque considera que a extrema-direita não põe em perigo o Estado de direito, a UE ou a Ucrânia. Em Portugal, o governo da AD não aceitou aliar-se à extrema-direita. Os eleitores hão de querer perceber isto: porque não em Portugal com o Chega, porque sim na União Europeia?

O Chega, que é o partido da extrema-direita em Portugal, está no grupo ID - Identidade e Democracia, a família política mais à direita na Europa.

Apenas por acaso. Aliás, o cabeça-de-lista do Chega às eleições europeias, Tânger Correia, diz isso mesmo. Além disso, ID e ECR até podem unir-se num único grupo depois das eleições, é uma possibilidade.

Eles mudam de opinião todos os dias, mas neste momento estão na Identidade e Democracia. A família política a que os nossos adversários se têm referido é o ECR - Conservadores e Reformistas Europeus, onde está Meloni, primeira-ministra de Itália. Mas o que estou a dizer é que, independentemente da família política de que faça parte, não abdicamos das nossas linhas vermelhas e estamos convictos e seguros que Ursula von der Leyen também não abdicará das suas.

"A Aliança Democrática tem as mesmas linhas vermelhas que a AD mantém no governo nacional, que são os direitos-humanos"

E, repare, há duas maneiras muito fáceis de resolver esse problema, é os governos socialistas apoiarem a candidatura de Ursula von der Leyen, coisa que, aliás, António Costa e Pedro Sánchez fizeram enquanto ela esteve em funções, e os liberais [Renew Europe/Renovar a Europa] e Os Verdes apoiarem Ursula von der Leyen - aliás, Os Verdes governam com socialistas e com liberais na Alemanha. Portanto, não é impossível.

A Comissão Europeia, do ponto de vista das sensibilidades, é uma coligação de famílias políticas. E já tem neste momento - no atual mandato de Ursula von der Leyen, que António Costa considerou uns óptimos cinco anos e que apoiou -, um comissário [Janusz Wojciechowski, Agricultura] do ECR [Conservadores e Reformistas Europeus] sentado no colégio ao lado de Elisa Ferreira e do PS. E, que eu tenha dado conta, a extrema-direita não tomou conta da Europa.

E digo mais, é altamente improvável que as famílias políticas de extrema-direita tenham uma maior representatividade na próxima Comissão. Não só o PPE tirou a extrema-direita (PiS) do poder na Polónia como seria natural que o governo italiano indicasse um comissário do PPE. É preciso não dizer as coisas de ânimo leve, que é o que fazem os nossos adversários. Não podemos assustar os portugueses com a Europa. E a Comissão Europeia não vai estar entregue nem dependente da extrema-direita, pode ter a certeza disso.

As nossas linhas vermelhas estão claras. As linhas vermelhas de Ursula von der Leyen estão claras. Agora, as linhas vermelhas de Marta Temido - e há uma semana que lhe andam a perguntar - não são claras. Porque o candidato que apoia para presidente da Comissão Europeia [Nicolas Schmit] é apoiado por governos que criminalizam o aborto, deportam migrantes e têm muros físicos nas fronteiras. Onde é que estão as linhas vermelhas de Marta Temido?

O que o irrita tanto em Marta Temido?

Não me irrita nada, tenho imensa estima pessoal por ela, como disse na minha primeira entrevista, à TVI, até tenho um sentimento de solidariedade humana por alguém que foi ministra da Saúde durante uma pandemia. Acho que qualquer português, de esquerda ou de direita, tem.

"As nossas linhas vermelhas estão claras. As linhas vermelhas de Ursula von der Leyen estão claras. Agora, as linhas vermelhas de Marta Temido não são claras. O candidato que apoia para presidente da Comissão Europeia é apoiado por governos que criminalizam o aborto, deportam migrantes e têm muros físicos nas fronteiras"

Não só nada me incomoda em Marta Temido, como em nenhum debate me incomodei com o que quer que fosse. Não há uma interacção entre mim e a candidata do PS que tenha sido desagradável ao longo dos debates. Não houve acrimónia da minha parte.

No jantar dos 50 anos do PSD, Luís Montenegro disse que nunca o partido teve tantos social-democratas no poder ao mesmo tempo: presidente da República, primeiro-ministro, presidente dos governos regionais dos Açores e Madeira. Mas logo depois afirmou que as eleições europeias não são uma desforra. Ficou ofendido?

Porque é que haveria de me ter ofendido? Não posso ter ficado ofendido, porque acho que há um consenso, da minha candidatura à candidatura do Partido Socialista, da Iniciativa Liberal, do Bloco de Esquerda, embora não seja muitas vezes manifestado em uníssono, sobre estas eleições europeias deverem estar focadas na Europa e não se fazerem transposições de leitura nacional. Não ouvi até agora, e debati com todos os partidos, nenhum cabeça-de-lista tentar transformar estas eleições numa desforra do dia 10 de Março.

Neste mandado será discutido o novo quadro financeiro plurianual da União Europeia. O orçamento atual é manifestamente insuficiente - e teremos de começar a pagar a dívida do PRR já em 2028. Onde é que a UE pode ir buscar mais receitas?

É absolutamente verdade, a Europa vai precisar de mais dinheiro, até pelos desafios geoestratégicos que enfrenta no século XXI e nesta década: a invasão de Putin, a China como rival sistémico, termos enfrentado um fenómeno pandémico como a Covid-19, a previsão de termos um alargamento ao longo da próxima década - possivelmente vamos negociar neste mandato o último quadro financeiro plurianual antes do alargamento a 16 países. Há grandes desafios e a Europa precisa de mais dinheiro, não só para se alargar, mas para se defender.

A posição da nossa coligação é que o reforço do orçamento da União Europeia é possível e é necessário sem novos impostos sobre os cidadãos europeus e portugueses. Posso dar-lhe vários exemplos disso.

Primeiro, através do nosso crescimento, porque contribuímos para a União Europeia através do nosso rendimento nacional bruto. Depois, através do recurso a novas receitas próprias, como por exemplo o Mecanismo de Ajustamento de Carbono nas Fronteiras, o mercado de licenças de emissão de CO2 e uma taxa sobre os plásticos de uso único, que até acho que é bastante consensual da esquerda à direita.

"A primeira alteração que o cidadão Sebastião Bugalho faria seria melhorar o Pacto das Migrações e Asilo"

Depois há outros exemplos mais ambiciosos e que envolverão um debate mais alargado, como as taxas de acesso ao Mercado Único para as chamadas empresas de grande escala, como as do digital e das transações financeiras. Mas aí acho que, fundamentalmente, temos de pensar em terminar a União do Mercado de Capitais, a União Bancária, para conseguir avançar com esse nível de recurso a receitas próprias.

O lado mais interessante desta questão não é o dinheiro de que vamos precisar e como o vamos aplicar - porque o nosso programa é muito explícito, queremos um Portugal mais forte na Europa, uma Europa mais forte no mundo, ou seja, queremos que a Europa tenha capacidade de se defender, mas que não perca a capacidade de cuidar dos seus, queremos uma Europa mais geopolítica, mas que não esqueça e não abdique do seu Estado social.

O mais interessante é sobretudo perceber que é possível aumentar o nível de recursos próprios e de receitas próprias da União ao mesmo tempo que fazemos algo fundamental, que é a transição energética e a transição ambiental, é cumprir com o Pacto Ecológico Europeu. Todos os mecanismos que dei como exemplo de receita adicional para o orçamento europeu são amigos do ambiente. O que quer dizer que a Europa pode reforçar o seu orçamento ao mesmo tempo que se torna mais sustentável. E é desse lado que nós estamos, da defesa da Europa e da defesa do ambiente ao mesmo tempo.

Esta geração europeia vai ser a primeira que vai viver pior do que os seu pais.

Sim. Se há geração que sente isso, é a minha.

"A posição da nossa coligação é que o reforço do orçamento da União Europeia é possível e é necessário sem novos impostos sobre os cidadãos europeus e portugueses"

Como é que se dá a volta a isto, como é que isso se muda? Segundo o Eurobarómetro o crescimento económico e o emprego são a principal preocupação dos europeus.

Do ponto de vista do crescimento, queremos que na Comissão Europeia seja criado um portfólio para um comissário para as pequenas e médias empresas, porque acreditamos que não faz sentido que o tecido empresarial que representa mais de 90% das empresas portuguesas e europeias não esteja mais representado na Comissão Europeia.

Queremos, por exemplo, que qualquer iniciativa legislativa oriunda da União Europeia tenha uma avaliação do seu impacto em termos de competitividade, para não legislarmos no escuro do ponto de vista das empresas.

Queremos, do ponto de vista dos jovens, isto já é falado no relatório Letta [Mercado Interno], trabalhar não só para os direitos de circulação que todos conhecemos, como o programa Erasmus, circular e comercializar no espaço Schengen, mas também para ganhar o direito a ficar, a desenvolver o nosso projecto de vida no nosso país. Isso, obviamente, só é possível com o crescimento.

"Todos os mecanismos que dei como exemplo de receita adicional para o orçamento europeu são amigos do ambiente"

Queremos universalizar o direito à habitação na Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia e abrir uma janela para a juventude no programa do InvestEU, o antigo Plano Juncker. Propomos avançar com uma garantia para a primeira habitação jovem através do InvestEU. Mas há várias ideias que têm como objetivo o direito a ficarmos no nosso país, de termos direito ao sonho europeu em Portugal.

Uma pergunta sobre imigração e controlo de fronteiras, porque nem todos os imigrantes chegam por ar ou por mar: quem controla a entrada de cidadãos estrangeiros em Portugal através da Flixbus, por exemplo?

Bem, durante os anos do governo socialista e durante os anos da transição do SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras], infelizmente, não houve o controlo que deveria ter havido. Por isso é que o atual governo apresentou o plano de emergência para as migrações. Mas aí sugiro que fale com António Leitão Amaro, que é o ministro da pasta.

Eu tenho uma opinião sobre aquilo que se passou: neste momento há 400 mil migrantes com o processo pendente em Portugal, há notícias que dizem - infelizmente, é uma coisa que pessoalmente me aflige - que 6 mil pessoas foram vítimas de tráfico humano nas nossas fronteiras.

"Temos de levar as novas tecnologias e a Inteligência Artificial aos agricultores, aos silvicultores e aos pescadores"

Para ter noção, segundo os números oficiais da Direção-Geral da Política de Justiça, o número de tráfico humano em Portugal, pelas nossas fronteiras, mais do que duplicou desde 2017. Portanto, é mesmo preciso corrigir este problema. Mas nós também temos a honestidade intelectual de dizer que: um, ninguém comete este erro de propósito; dois, quando se comete um erro em democracia têm de se assumir responsabilidades e o Partido Socialista ainda não as assumiu. Teve que vir o insuspeito António Vitorino assumir as responsabilidades pelo PS de um governo de que ele nem fez parte.

É a favor de um exército europeu? Sim ou não e porquê?

O Partido Popular Europeu e a nossa coligação, a Aliança Democrática, não é favorável a um exército europeu. Mas queremos que a defesa europeia se assuma cada vez mais como o pilar europeu da NATO, a Aliança Atlântica. Isto é, queremos estar cada vez menos dependentes do chapéu-de-chuva norte-americano, caso um dia ele se feche. E esse acaso poderá chegar em breve.

"Queremos que na Comissão Europeia seja criado um portfólio para um comissário para as pequenas e médias empresas"

Nesse sentido, vale a pena falar de duas propostas que têm a ver com paz, que é a inclusão de médicos e enfermeiros militares na Força de Intervenção Rápida Europeia e a evolução do Mecanismo de Protecção Civil da União Europeia para uma autêntica força europeia da Proteção Civil. Porque muitas vezes falamos da paz na Europa do ponto de vista de ataques externos, mas a paz dentro do nosso território e a segurança dentro do nosso território também é importante, e um povo que sofreu aquilo que sofreu em Portugal, no seu território, sabe isso.

Para terminar, temos pela primeira vez candidatos nascidos não depois do 25 de Abril, mas depois da adesão de Portugal à UE. Mas parece que continuamos presos em discussões antigas: falamos no salário dos professores em vez de falar na Inteligência Artificial, na falta de médicos em vez de falar de genética, de corrupção em vez de blockchain. Faz sentido?

Temos no nosso programa, por exemplo, levar a Inteligência Artificial à agricultura, porque queremos que as profissões do passado sejam respeitadas e sejam olhadas como profissões de futuro. Até porque numa época e num tempo em que a Europa vai ter de ser cada vez mais autónoma do ponto de vista estratégico e garantir uma crescente auto-suficiência do ponto de vista alimentar, temos que cuidar daqueles que nos alimentam. Temos de levar as novas tecnologias e a Inteligência Artificial aos agricultores, aos silvicultores e aos pescadores.

"Propomos avançar com uma garantia para a primeira habitação jovem através do InvestEU"

Se pudesse mudar imediatamente alguma coisa na União Europeia, o que mudava?

Antes, quero que fique claro que esta é a minha opinião pessoal - sou um cabeça-de-lista que trabalha em equipa e, neste momento, a delegação portuguesa da Aliança Democrática é presidida pela recandidata Lídia Pereira, que é vice-presidente do grupo parlamentar PPE e presidente dos jovens do PPE, e essa é uma decisão que vamos tomar em conjunto quando soubermos todos aqueles que vão ser eleitos.

Não posso dizer a primeira coisa que a minha equipa vai fazer, mas posso dizer aquilo que, pessoalmente, gostaria de fazer. Aquilo que mais gozo me daria fazer, porque é uma coisa que é tão prática, resolveria tantos problemas, seria tão humana - e julgo até que tão consensual, e os consensos são fundamentais no Parlamento Europeu -, seria uma alteração ao Pacto de Migrações e Asilo, reforçando os mecanismos de migração legal dentro do pacto, que são a melhor forma de combater a imigração ilegal e o tráfico humano, e alargaria o Blue Card, o Cartão Azul da UE, que prevê a atracção de quadros qualificados com contratos de trabalho de 3.000€ e, como sabemos, em Portugal temos um salário médio muito abaixo disso.

"Há 400 mil migrantes com o processo pendente em Portugal [...] 6 mil pessoas foram vítimas de tráfico humano nas nossas fronteiras"

Portanto, a primeira alteração que o cidadão Sebastião Bugalho faria - tentaria fazer, porque como sabe o Parlamento Europeu não tem iniciativa legislativa, só tem iniciativa política -, seria melhorar o Pacto das Migrações e Asilo. A primeira alteração que a equipa da Aliança Democrática vai fazer será decidida no primeiro dia em que nos sentarmos no Parlamento Europeu.

O que viu ou ouviu que mais o marcou nesta campanha?

Acho que posso dividir isso em três aspetos. Como fui repórter, cobri eleições autárquicas, cobri incêndios e, por razões familiares, conheço relativamente bem o meu país. Mas nunca tinha feito uma campanha nacional enquanto protagonista político.

Aquilo que me impressionou mais, e até que me comoveu mais, foi o calor humano, foi a proximidade. Uma coisa muito interessante, e com que eu não estava a contar, foi que as pessoas vinham ter connosco, tinham curiosidade. Naturalmente, devido ao facto de eu ter alguma notoriedade televisiva - sou o rapaz que elas viam em casa, isso aconteceu -, mas também por causa de algumas ideias do nosso programa, que as levavam a fazer perguntas, a querer saber mais.

"Quando se comete um erro em democracia têm de se assumir responsabilidades e o Partido Socialista ainda não as assumiu"

Mas impressionou-me a sensação, que é muito bonita e que é muito engrandecedora, de participar na vida democrática portuguesa, de estar ao lado dos portugueses, de lhes levar uma mensagem para a Europa, prometer que vão estar representados no processo de decisão das instituições europeias no Parlamento Europeu. Isto para alguém que é um democrata e um europeísta é uma sensação extraordinária, estou profundamente grato à oportunidade que tive.