“Está a ser prestado todo o apoio a esta jovem, que foi alvo de agressões num bar na Polónia. No domingo, o responsável da secção consular da embaixada realizou 300 quilómetros para se encontrar pessoalmente com ela e, além de lhe garantir todo o apoio dos serviços consulares, sugeriu-lhe que, para que houvesse eficácia, fosse apresentada queixa junto das autoridades”, afirmou José Luís Carneiro.
Uma estudante portuguesa de origem guineense queixou-se de agressões com motivação racista na localidade de Sosnowiec, região polaca da Silésia, contando que ela e os amigos, espanhóis e italianos, foram espancados num bar sem que ninguém os ajudasse.
Linda Pereira tem 25 anos, é estudante de Sociologia, já licenciada pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, e está na Polónia ao abrigo do programa Erasmus + e também como voluntária do Corpo Solidário Europeu, lidando com crianças em situação de vulnerabilidade emocional e social.
O secretário de Estado das Comunidades disse que a queixa já foi apresentada, tal como a jovem tinha afirmado à Lusa.
“Agora, procuraremos apoiar esta cidadã para fazer valer os seus direitos, neste caso a salvaguarda de um direito fundamental, poder estudar sem que quaisquer impedimentos e atitudes possam criar qualquer obstáculo ou preconceito em relação à sua nacionalidade”, declarou.
Questionado sobre se este tipo de casos estão a aumentar na Polónia, o secretário de Estado disse não ter dados nesse sentido.
“A Polónia é um país comprometido com os valores europeus e devemos procurar contribuir para que assim aconteça”, disse.
A jovem descreveu à Lusa as agressões que sofreu, depois de ter sido insultada de forma racista no bar: “Pisavam-me, pisavam-me. Se as espanholas não tivessem descido, acho que teria sido muito pior. Eu mal conseguia levantar-me, ele continuava a pisar-me, a pisar-me, a dar-me socos, pontapés. Ninguém o parava”, contou.
A agressão começou por ser dirigida a si, por parte de um alegado segurança do bar. Depois de os amigos intervirem também foram agredidos, juntando-se mais homens à agressão, perante a passividade das pessoas, que “continuaram a dançar”, enquanto “as empregadas riam”.
Assim que conseguiu escapar para fora do bar, gritando por ajuda em inglês – “help, help” -, deparou-se com a mesma passividade: “Ninguém nos ajudava”, disse.
Depois de chamarem o 112 e de a polícia chegar, também a atitude das autoridades a deixou “chocada, estupefacta”, referiu Linda Pereira, em lágrimas: “Pediram-nos a identificação, mas a mim, particularmente, parecia que o meu bilhete de identidade português não era suficiente para justificar que era portuguesa. Enquanto os outros mostraram o seu BI, a mim estavam a exigir o passaporte”.
Linda Pereira contou que houve outros pequenos episódios de racismo ao longo da sua estadia em Sosnowiec, que foi tentando ignorar: num centro comercial, puxaram-lhe o cabelo; num elétrico apinhado, um homem insultou-a e simulou um tiro com gestos, perante a passividade dos restantes passageiros.
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