“O SIM solidariza-se com os colegas, manifesta a sua preocupação, dado a nossa preocupação crescente com as condições em que os médicos se vêm forçados a trabalhar, e exige soluções”, destaca o sindicato em comunicado.
A estrutura sindical referiu que, “dada a falta de resposta e o agravamento das condições de trabalho”, os médicos foram obrigados a emitir de minutas de isenção de responsabilidade, “tendo hoje mesmo sido entregues 25”.
Os chefes de equipa do serviço de urgência do Hospital São Francisco Xavier anunciaram a demissão, numa carta enviada hoje ao Conselho de Administração e à Direção do Serviço de Urgência Geral do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO).
Segundo a carta enviada por um grupo de assistentes hospitalares de medicina interna, a que a Lusa teve acesso, está em causa o planeamento da escala do mês de agosto, que prevê que a constituição das equipas do serviço de urgência geral (SUG) seja assegurada apenas por um assistente hospitalar (com função de chefia) e um interno de formação geral.
Também hoje, fonte ligada aos médicos tinha revelado que mais de 20 profissionais de saúde iam entregar minutas de isenção de responsabilidade, remetendo-a para o Conselho de Administração face aos problemas na constituição das equipas do serviço de urgência.
Além de precisar a entrega de 25 minutas de isenção de responsabilidade pelos médicos, o SIM alertou ainda que equipas de serviço de urgência com um especialista e um interno são uma “gravíssima irresponsabilidade e insuficiente para atender mais de 250 utentes por dia”.
“Lamentamos ainda a ilegalidade de obrigar os recém-especialistas a dedicar a totalidade do seu horário em SU pondo em causa a atividade de enfermaria cada vez mais pesada e as consultas externas. Exige igualmente condições para a formação adequada dos internos”, destacou.
O sindicato aponta também que em 03 de fevereiro enviou um ofício “sem resposta” em que apontava que na Urgência Externa do Hospital de São Francisco Xavier as equipas “não possuem o número de elementos e a diferenciação adequada à sua área de influência, complexidade e gravidade das doenças de quem aí recorre”.
Dado o agravamento da situação e incapacidade para contratar especialistas, ainda recentemente das sete vagas a concurso somente duas foram ocupadas, uma delas para os cuidados intensivos, os médicos do Centro Hospitalar repetiram os alertas, salienta ainda o SIM.
Estes profissionais de saúde que apresentaram hoje a demissão manifestaram “profundo desagrado e indignação” relativamente a esta situação, referindo que “a crise que vive o SUG é antiga e tem-se vindo a agravar progressivamente” e exigindo uma “mudança radical e urgente” da Direção do Serviço de Urgência (DSU) e do Conselho de Administração do CHLO.
Sublinharam também que a disponibilidade e o esforço para cumprir as necessidades de assistência aos cidadãos, em condições crescentemente precárias, “têm sido cada vez maiores”.
O conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO) disse hoje ter asseguradas “condições mínimas” para o funcionamento das urgências do Hospital São Francisco Xavier, onde os chefes do serviço de urgência anunciaram a demissão.
“Estão asseguradas as condições mínimas para [as urgências] funcionarem de um modo que não é aquilo que a gente quer, absolutamente, mas que mantêm a segurança”, afirmou a presidente do conselho de administração, Rita Perez, sublinhando, a propósito da carta enviada pelo grupo de 19 assistentes hospitalares, que “não ficou claro e evidente que se iriam demitir”.
Em declarações aos jornalistas após a reunião com os profissionais que subscreveram a carta, Rita Perez adiantou ter proposto a criação de um grupo de trabalho. Na base desta situação está o planeamento da escala do mês de agosto, que prevê que a constituição das equipas do serviço de urgência geral (SUG) seja assegurada apenas por um assistente hospitalar (com função de chefia) e um interno de formação geral.
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