Depois de 20 minutos de descida, a agência espacial japonesa, JAXA, informou que o módulo Smart Lander for Investigating Moon (SLIM) pousou na superfície do satélite natural da Terra e conseguiu fazer comunicação.
Mas os seus painéis solares pararam de funcionar, deixando a sonda, apelidada de "Moon Sniper" (atirador especial lunar) devido à sua tecnologia de precisão, com bateria por apenas "algumas horas", disse Hitoshi Kuninaka, da JAXA.
Os encarregados da missão deram prioridade à recolha de dados enquanto for possível, embora Kuninaka tenha sugerido a possibilidade de as baterias voltarem a funcionar quando mudar o ângulo da luz solar.
"É pouco provável que a bateria solar tenha falhado. É possível que não esteja a apontar na direção proposta originalmente", disse, durante uma conferência de imprensa.
"Se a descida não tivesse sido um sucesso, (a sonda) teria caído a uma velocidade muito elevada. Se este fosse o caso, todo o funcionamento da sonda teria sido perdido", explicou. Apesar de tudo, a sonda está a "enviar dados para a Terra", acrescentou.
A SLIM é uma das muitas novas missões lunares que foram lançadas por países e empresas privadas 50 anos depois de Neil Armstrong pisar a superfície da Lua.
Mas são muitas as aterragens acidentadas, as falhas de comunicação e outros problemas técnicos. Até agora, apenas quatro países conseguiram realizar esta missão com sucesso: Estados Unidos, a então União Soviética, China e Índia.
Um "grande sucesso"
A JAXA confia que pode analisar os dados obtidos durante a aterragem, que ajudarão a determinar se a sonda realizou o seu objetivo de se situar a um raio de 100 metros do local previsto.
A SLIM devia pousar numa cratera, onde se acredita que possa aceder ao manto da Lua, a camada inferior que habitualmente se encontra a grande profundidade.
As duas sondas deslocaram-se com sucesso, segundo a JAXA. Uma está equipada com um transmissor e a outra foi projetada para circular pela superfície lunar e enviar as imagens à Terra.
Este pequeno 'rover', um pouco maior que uma bola de ténis, foi desenvolvido em conjunto com a empresa que criou os brinquedos Transformer.
Embora a precisão da aterragem ainda tenha de ser verificada, "acredito que a missão é um grande sucesso", disse Jonathan McDowell, astrónomo do Centro de Astrofísica Harvard–Smithsonian.
Por sua vez, refere que o problema com os painéis solares pode ter muitas explicações.
"Um cabo pode ter-se soltado, estar ligado de forma errada ou o módulo de aterragem está ao contrário e não pode ver o sol por algum motivo", especulou.
O cientista afirmou esperar que a JAXA tenha conseguido obter as imagens da aterragem, mas provavelmente terá de dar por perdido uma experiência para estudar a composição das rochas da superfície lunar.
"Francamente, esta experiência era adicional e não era tão importante para a missão", acrescentou.
Interesse renovado pela Lua
A Lua é um objetivo complexo, como demonstram os muitos fracassos das missões anteriores.
Este mês, um módulo privado americano teve que voltar à Terra devido a um vazamento de combustível e na quinta-feira perdeu-se o contacto com a nave, perdida numa área remota do Pacífico sul.
A NASA também anunciou recentemente o adiamento dos seus planos para enviar missões tripuladas para a Lua no âmbito do seu programa Artemis.
Rússia, China, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos, entre outros, também tentam chegar ao satélite terrestre.
As duas missões anteriores do Japão, uma pública e outra privada, fracassaram. Em 2022, o arquipélago enviou, sem sucesso, a sonda lunar Omotenashi como parte da missão americana Artemis 1.
Em abril, a empresa emergente ispace tentou tornar-se a primeira companhia privada a chegar à Lua, mas perdeu a comunicação com a sua nave depois de uma "aterragem difícil".
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