Afirmando que "é muito complicado" questionar a decisão do Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, até porque não está em poder de todos os dados que terão levado a essa decisão, Tasso de Figueiredo reconheceu que o afastamento temporário "caiu mal" nas hostes militares.
"Sobrou para os comandantes", registou o coronel, relações públicas da AOFA, numa posição que disse ser "pessoal" e não vincular a associação, que tem acolhido no seu "site" e na página na rede social Facebook, os depoimentos críticos de vários oficiais na reserva ou na reforma sobre o furto de material de guerra dos Paióis de Tancos.
Para o coronel Tasso de Figueiredo, a colocarem-se questões de falta de vigilância ou de falhas de segurança no perímetro daquelas instalações militares, "elas são indissociáveis das dificuldades orçamentais" que persistem há vários anos.
"Não podemos ignorar que há enormes dificuldades em estabelecer os efetivos das Forças Armadas, que dispõem de fracas condições. São questões que lançam a suspeição sobre os cortes de que foram alvo", disse.
A página da AOFA na rede social Facebook tem acolhido desde há dois dias sucessivos depoimentos sobre o furto de material de guerra em Tancos, destacando-se o do presidente da Assembleia-Geral, tenente-general Joaquim Formeiro Monteiro, que questiona se o furto "não terá sido meramente fruto da incompetência de quem tem responsabilidades políticas na matéria".
"Será que a demissão noticiada de cinco Comandantes, mesmo que provisoriamente (ato administrativo que, em várias décadas de serviço ativo, nunca vi invocar, e que, em absoluto, desconhecia) poderá servir para responder, no imediato, a certos setores da oposição, que contribuíram, decisivamente, no passado recente, para a desconstrução e desprestígio das FA, e ao mesmo tempo saciar a voragem da comunicação social sobre a matéria?", questiona o tenente-general.
O tenente-general questiona se as preocupações sobre questões de segurança foram transmitidas ao ministro da Defesa Nacional, o que tem feito Azeredo Lopes "para responder a tais preocupações, para além de manter uma política de suborçamentação e de cativações permanentes dos respetivos orçamentos de funcionamento, de reequipamento e de infraestruturas".
Por seu lado, o major-general Bargão dos Santos considerou que a exoneração de cinco comandantes "é aparentemente uma decisão que dá `cobertura´ ao poder político, que atenua responsabilidades do Exército ao nível da chefia" e que "se constitui em si mesmo" como uma forma de "desprestigiar e minorar a dignidade de Comando a militares de carreira".
O anúncio da exoneração de cinco comandantes de unidades que foi feito pelo general Rovisco Duarte, na RTP, sábado passado.
"Não quero que haja entraves às averiguações e decidi exonerar os cinco comandantes das unidades que de alguma forma estão relacionadas com estes processos", disse.
O afastamento de funções é temporário e vigorará até serem conhecidas as conclusões das averiguações internas em curso.
Os militares exonerados são o comandante da Unidade de Apoio da Brigada de Reação Rápida, tenente-coronel Correia, o comandante do Regimento de Infantaria 15, coronel Ferreira Duarte, o comandante do Regimento de Paraquedistas, coronel Hilário Peixeiro, o comandante do Regimento de Engenharia 1, coronel Paulo Almeida, e o comandante da Unidade de Apoio de Material do Exército, coronel Amorim Ribeiro.
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