Desde o início dos trabalhos, em 9 de janeiro de 2019, já foram feitas 18 audições e a comissão fez 26 reuniões.
Foram, primeiro, ouvidos os militares, por opção da comissão de inquérito: antigos e atuais comandantes das unidades em torno de Tancos, responsáveis pela segurança, incluindo também um ex-CEME, como Domingos Jerónimo, e até inspetores gerais do Exército, por exemplo.
Esta fase de audições de militares termina com o general Rovisco Duarte, Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) à data do furto, junho de 2017, e que se demitiu do cargo em 2018.
Nenhum dos militares ouvidos confirmou a existência de pressões políticas do então ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, para, por exemplo, exonerar os cinco comandantes das unidades responsáveis pela segurança dos paióis.
Nas próximas semanas passarão pela comissão de inquérito responsáveis dos serviços de informação, as secretárias-gerais do Sistema de Informações da República (SIRP), Graça Mira Gomes, e do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda.
Será igualmente ouvido o tenente-general Martins Pereira, o ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes que recebeu um memorando sobre uma alegada operação encenada para a entrega de material militar, três meses após o furto, e que já foi ouvido no processo judicial a decorrer na justiça.
Só depois será feita a audição ao antigo ministro da Defesa José Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo em 2018, na sequência das polémicas com o furto de Tancos.
Nos planos da comissão está também a audição de atuais e ex-responsáveis da Polícia Judiciária Militar. E está previsto que o primeiro-ministro, António Costa, deponha, por escrito.
O caso do furto de armas em Tancos ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do crime.
Primeiro o general Rovisco Duarte e, depois, o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, demitiram-se dos cargos.
A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos tem previstas audições a mais de 60 personalidades e entidades, vai decorrer até maio de 2019 e é prorrogável por mais 90 dias.
Esta comissão iniciou os trabalhos em 14 de novembro de 2018 e tem como objeto "identificar e avaliar os factos, os atos e as omissões" do Governo "relacionados direta ou indiretamente com o furto de armas em Tancos", de junho de 2017, data do furto, ao presente, e "apurar as responsabilidades políticas daí decorrentes".
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