Em declarações aos jornalistas, o vice-presidente da bancada do PSD Carlos Peixoto considerou que o pedido de exoneração de Rovisco Duarte aconteceu depois de o presidente do grupo parlamentar do PS, Carlos César, ter defendido, na TSF, que eram necessárias consequências ao nível das Forças Armadas e em especial do Exército.
“O PS e o Governo podem protagonizar e defender as demissões que entenderem porque pensam que assim apagam, evaporam e consomem este caso. Mas a gravidade do caso Tancos não se apaga, nem se esgota, nem se esquece com esta demissão”, alertou.
Segundo Carlos Peixoto, “o PSD levará este caso até às últimas consequências” na Comissão Parlamentar de Inquérito que irá realizar-se sobre Tancos, proposta pelo CDS-PP e que tem aprovação garantida.
“Temos uma comissão de inquérito a iniciar-se e é aí a sede própria para que todas as consequências deste caso sejam apuradas e as responsabilidades políticas assumidas por quem tem de as assumir”, concretizou.
Para o ‘vice’ da bancada do PSD, esta comissão de inquérito terá de apurar as circunstâncias em que desapareceu material de guerra dos paióis de Tancos, a forma como este foi recuperado e “quem tem responsabilidades políticas pelo que aconteceu”.
“O caso não se esquece, não está terminado e não fica resolvido. Esta resignação é mais um episódio deste rocambolesco caso que deixa as Forças Armadas, o país e o Exército com uma imagem denegrida”, afirmou.
Questionado se relaciona esta demissão com a entrada em funções de um novo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, o deputado do PSD reiterou que a saída de Rovisco Duarte aconteceu depois de Carlos César ter “sugerido claramente que esta exoneração acontecesse”.
No programa “Almoços Grátis”, da TSF, o presidente e líder parlamentar do PS disse hoje acreditar que a demissão de Azeredo Lopes trouxe "um novo fôlego e uma nova autoridade" que deve ter também "consequências do ponto de vista das Forças Armadas, em particular, do Exército".
O Ministério da Defesa Nacional anunciou hoje que aceitou o pedido de demissão do chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, e que iniciou o processo de substituição.
Em comunicado, o gabinete do ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, afirmou que o general Rovisco Duarte “pediu, por motivos pessoais” a exoneração do cargo.
Segundo fontes militares contactadas pela Lusa, o general Rovisco Duarte justificou perante o Exército o pedido de demissão do cargo de Chefe do Estado-Maior do ramo afirmando que “circunstâncias políticas assim o exigiram”.
O Presidente da República recebeu hoje por carta o pedido de demissão do general Rovisco Duarte a pedir a resignação do cargo de chefe do Estado-Maior do Exército, que transmitiu ao Governo, a quem compete propor a exoneração das chefias militares.
O pedido de exoneração de Rovisco Duarte ocorre dois dias depois da tomada de posse do novo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, na sequência da demissão de José Azeredo Lopes do cargo.
O anterior ministro invocou a necessidade de evitar que as Forças Armadas fossem prejudicadas pelo “ataque político” e as acusações de que afirmou estar a ser alvo por causa dos desenvolvimentos da investigação judicial à recuperação do material militar furtado em Tancos, divulgada a 29 de junho de 2017.
A demissão de Rovisco Duarte acontece um ano depois da recuperação da maior parte do material, divulgada pela Polícia Judiciária Militar, em comunicado, no dia 18 de outubro de 2017, na Chamusca, a cerca de 20 quilómetros dos paióis de Tancos.
A investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da PJM e da GNR.
A demissão de Rovisco Duarte já tinha sido defendida pelo CDS-PP, que propôs na Assembleia da República uma comissão de inquérito para apurar as responsabilidades pelo furto.
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