Num manifesto aprovado hoje durante uma manifestação em Lisboa, os técnicos de diagnóstico e terapêutica consideram que o Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP) quer “esmagar” outras profissões e "usurpar funções".
“Hoje conhecemos os que, acantonados no CNOP, querem esmagar as nossas profissões. Querem usurpar as nossas funções. Agora percebemos a razão por que durante 18 anos as nossas carreiras se arrastaram nos corredores do poder político, enquanto destruíam o nosso futuro”, refere o manifesto aprovado durante a concentração que reuniu algumas centenas de profissionais junto ao Ministério da Saúde.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas do Diagnóstico e Terapêutica considerou como insultuosa a posição assumida pelo CNOP acerca da proposta de criação de uma Ordem dos Técnicos de Saúde.
“São no fundo os donos disto tudo”, afirmou Almerindo Rego, referindo-se à estrutura que reúne as 16 ordens profissionais constituídas em Portugal, oito delas na área da saúde, entre as quais Ordem dos Médicos e Ordem dos Enfermeiros.
O Conselho das Ordens Profissionais pediu à Assembleia da República para suspender o processo de criação das ordens dos Fisioterapeutas e dos Técnicos de Saúde, manifestando dúvidas quanto à legalidade e à transparência do processo.
Entretanto, o Parlamento chumbou a criação da Ordem dos Técnicos de Saúde e aprovou a criação da Ordem dos Fisioterapeutas.
Para os profissionais das áreas do diagnóstico e terapêutica, “o poder político deu a mão aos ‘donos disto tudo’, pretendendo prolongar indefinidamente a situação miserável” em que se encontra estes trabalhadores.
Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica estão desde hoje numa greve por tempo indeterminado, um protesto que pretende que o Governo cumpra o prometido aos sindicatos relativamente à regulamentação da carreira que estes profissionais esperam há 18 anos.
“O Governo só cumpriu uma parte do acordo”, lembra Almerindo Rego, adiantando que falta “um conjunto de instrumentos legais” para a regulamentação da carreira que já devia ter sido negociado.
Os sindicatos consideram que “tem havido uma grande obstrução da parte do Ministério das Finanças” para dar continuidade às negociações e por isso “pedem responsabilidades ao primeiro-ministro”.
“Não somos nem mais nem menos que outros profissionais de saúde”, frisa Almerindo Rego, recordando a intervenção do primeiro-ministro aquando do protesto e greve dos enfermeiros.
Da parte do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap), o secretário-geral José Abraão lembrou que a greve que hoje se iniciou é “talvez a maior greve de sempre dos profissionais do diagnóstico e terapêutica” e apelou ao Governo para “cumprir os acordos que vai fazendo”.
José Abraão recorda ao Governo que “há mais trabalhadores no SNS além de médicos e de enfermeiros” e que “não pode ser forte com os fracos e fraco com os fortes”.
Também o Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (Sindit) aponta para uma “espetacular adesão” à greve de hoje e para uma dimensão da manifestação junto ao Ministério da Saúde “muito acima” do que era esperado.
Durante a manifestação, o deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira decidiu mostrar a solidariedade do seu partido para com estes trabalhadores.
“É uma luta inteiramente justa”, afirmou o deputado bloquista, para quem o Governo está a falhar nas negociações da transição para a nova carreira dos técnicos de diagnóstico e terapêutica e correspondentes grelhas salariais.
O Bloco exorta o Governo a retomar as negociações até ao fim do ano para que em janeiro do próximo ano os trabalhadores já possam transitar para a nova carreira.
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