A polémica surgiu quando, segunda-feira, o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, pediu a Donald Trump, durante uma reunião em Washington, para que mediasse o conflito sobre as divergências que separam Índia e Paquistão sobre o controlo da região de Caxemira.
O Presidente norte-americano respondeu que Narendra Modi já lhe tinha feito igual pedido, durante a cimeira do G20, no Japão, no passado mês, o que, entretanto, foi desmentido pelas autoridades da Índia.
Na versão de Trump, Modi perguntou-lhe se gostaria de ser o mediador na disputa sobre o controlo de Caxemira, que se prolonga desde 1947, acrescentando que essa mediação deveria ocorrer na própria região de Caxemira.
Perante a revelação de Trump, a oposição a Narendra Modi atacou o primeiro-ministro indiano, dizendo que esse facto constituiria uma mudança estratégica na posição histórica de Nova Deli na questão de Caxemira, que tem admitido como única via uma solução bilateral entre a Índia e o Paquistão.
Modi “traiu os interesses da Índia”, disse o líder parlamentar da oposição, Rahul Gandhi, numa mensagem na conta pessoal da rede social Twitter.
Hoje, o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, desmentiu a versão de Donald Trump, perante o Parlamento.
“Gostaria de garantir categoricamente à Câmara que o primeiro-ministro não fez nenhum pedido”, disse Jaishankar, insistindo que a posição da Índia sempre foi negociar “apenas bilateralmente” com o Paquistão.
Para o diplomata indiano Rajiv Dogra, que estava no Paquistão, a reação da Índia ao comentário de Trump é natural, já que é “uma questão delicada”.
“A menos que os EUA neguem oficialmente e contradigam o ministro das Relações Exteriores (indiano), o Presidente dos EUA está errado”, explicou Dogra aos jornalistas.
Na Caxemira indiana, a única região do país asiático de maioria muçulmana, as palavras de Trump foram, no entanto, bem recebidas por grupos separatistas, que procuram uma “rápida resolução” do conflito na Caxemira.
“Qualquer tentativa de empurrar a Índia e o Paquistão (para a mesa de negociações) é bem-vinda pelo povo de Caxemira”, disse o líder separatista Mirwaiz Umar Farooq, na conta de Twitter.
A Índia e o Paquistão disputam a Caxemira desde a divisão do subcontinente, em 1947, tornando-a uma região que desde os anos 1990 tem sido palco de um movimento insurgente com intenções separatistas.
As duas nações vizinhas têm travado várias guerras e conflitos sobre o território, separados por uma fronteira provisória que divide a Caxemira em dois e é uma das áreas mais militarizadas do mundo.
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