Num comunicado assinado pelo administrador diocesano de Setúbal, a diocese refere que o padre cumpriu “as medidas decorrentes” do processo canónico por abuso sexual de menores e garante que, se os testemunhos recolhidos pela comissão independente configurem novos factos, será aberto novo processo.
Quanto aos restantes nomes que a diocese de Setúbal diz ter recebido da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, todos referentes a padres, a nota adianta que um deles está “sob jurisdição de diferente autoridade eclesiástica” e que, enquanto esteve sob jurisdição do bispo de Setúbal, “nada consta sobre denúncia de abuso de menores”.
“A informação recebida da Comissão Independente foi por mim transmitida ao atual superior eclesiástico do sacerdote”, acrescenta o administrador da diocese de Setúbal.
Um terceiro padre foi objeto de dois processos canónicos, que não se referem a abuso de menores, e está atualmente afastado do exercício público do ministério.
Apesar de os atos de que é acusado não se enquadrarem na natureza de abuso de menores, a diocese de Setúbal acrescenta que, como a comissão independente sinalizou um ato de abuso de menor, aguarda mais pormenores para organizar o processo.
Por último, em relação aos dois últimos nomes de padres sinalizados pela comissão, a diocese de Setúbal refere que não existem nos arquivos diocesanos “informações que permitam averiguar as denúncias que levaram a incluir estes sacerdotes na lista de alegados abusadores”.
Quanto a estes casos, a diocese adianta que aguarda da comissão mais informações.
“Serão devidamente tratadas, do mesmo modo como as que têm chegado diretamente à Comissão de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis da nossa Diocese, a fim de continuarmos a dar o nosso contributo para erradicar, de modo justo e eficaz, os abusos contra menores e adultos vulneráveis, trabalhar na sensibilização e prevenção, adotando uma atitude de “tolerância zero” perante estas situações e prestar apoio e cuidado às vítimas”, acrescenta.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, constituída por decisão da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão, que entregou uma lista de alegados abusadores no ativo à CEP.
No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais devem ser entendidos como a “ponta do iceberg”.
Até ao momento, das 21 dioceses no país, as do Funchal, Angra, Évora, Viana do Castelo, Algarve, Portalegre, Viseu, Guarda, Braga, Lisboa, Porto, Aveiro, Santarém, Setúbal, Leiria-Fátima, Bragança-Miranda e Vila Real já se pronunciaram sobre as listas de nomes que lhe foram enviadas.
A Igreja católica suspendeu até ao momento cinco padres e um leigo suspeitos de abusos sexuais de menores.
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