O Mercado Martim Moniz será "totalmente aberto, sem barreiras, aberto dia e noite". Foi desta forma que Geoffroy Moreno, sócio do concessionário Moonbrigade, empresa que detém a concessão do Mercado Martim Moniz, iniciou a conversa com os jornalistas na Cozinha Popular da Mouraria sobre o novo projeto para a Praça com o mesmo nome que causou alguma polémica aquando da sua apresentação pública no passado dia 20 de novembro no hotel Mundial, em Lisboa.

"Não haverá vedações", garante, dando, assim, seguimento aos apelos dos moradores. "A ideia inicial de vedação foi de controlo, de segurança, mas sentimos que a população não queria", acrescentou.

Neste recuo ao projeto inicial para a Praça do Martim Moniz e que resultou da conversa com a comunidade local, haverá espaço para mais áreas verdes. "Vamos reforçar para ter mais zonas verdes, árvores, trepadeiras, canteiros", por um lado, e "mais sombras, mais cadeiras e bancos para quem frequenta e possa desfrutar de períodos descanso", por outro, assegurou, reforçando que estas modificações introduzidas "respondem às preocupações dos moradores".

Centrado numa área que ocupa "28%" da Praça do Martim Moniz (11500m2 no total), fora do mercado, nos outros 72%, cabem "dois largos do Intendente", relembrou. E aí, continuando a dar resposta aos anseios manifestados pelos moradores, Geoffroy Moreno garante estar disponível, para, em nome do concessionário, construir "um parque infantil" e criar "mais zonas verdes", uma ajuda que surgirá fora "do âmbito da concessão".

A loja de bolsa de emprego e a manutenção do críquete

Um "diálogo com os moradores" e a relação com a comunidade local tem sido uma das premissas destes últimos "três anos" de relacionamento, assegurou. A outra é a preocupação de refletir a multiculturalidade da zona.

"O Mercado procura refletir a diversidade do bairro através do comércio", assegurou. Com uma estrutura assente em contentores marítimos dispostos por 13 núcleos, procura recriar uma "malha urbana para dar uma escala mais humana à praça". Um espaço onde não cabem "marcas internacionais" em que se irá "valorizar e potenciar a diversidade do bairro".

Nesse sentido irá acolher "restaurantes de comerciantes que já têm restaurantes na zona, uma mercearia, padaria, florista, a cabeleira, o talho, uma chapelaria, um espaço de massagens, uma loja de discos que visam recreia a variedade de comércio de bairro", discriminou.

Para além disso, o Mercado Martim Moniz pretende atribuir um espaço próprio aos moradores. Na "Loja do Bairro", que "não paga renda", a ideia é que os moradores da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior possam "vender roupa em segunda mão ou colocar anúncios de emprego", exemplificou. "Faremos a ponte com comerciantes".  

Paralelamente, e relembrando que a atual concessão irá "até 2032" ocupa uma aérea (3259m2) menos "44% que a anterior", Geoffroy Moreno garantiu que apesar da construção do novo mercado na Praça do Martim Moniz irá "continuar a promover eventos da comunidade". "O críquete" e outros hábitos não serão "perturbados", assegurou.  

"As pessoas têm que se lembrar do Martim Moniz antes de 2012"

Com um "investimento 3 milhões euros", o projeto prevê "criar “300 empregos". A ideia é "iniciar obras no início do ano" e tudo estar pronto no "verão".

Com uma previsão de "50 lojas, no máximo", as rendas variam em função do negócio oscilando entre os "300 a 2 mil euros", enumerou.

Ainda em relação à nova vida da Praça do Martim Moniz, os contentores, que causaram também alguma apreensão por parte da população durante a apresentação do passado dia 20 de novembro, são somente "a base", explicou. "São despidos, é só o esqueleto, mas no final não terá essa visão", frisou, rematando que as alterações podem ser feitas em “estaleiro”, minimizando, assim, o impacto nas obras no local. "É um espaço público e humanizado. Não é um amontoar de contentores" acrescentou Paulo Silva, responsável pelo projeto (Project Manager) também ele presente na conversa com os jornalistas.  

"Acredito que este projeto revitalizará esta zona da cidade que estava esquecida". E que "revitalizará também as associações locais" confidenciou Geoffroy Moreno. "As pessoas têm que se lembrar do Martim Moniz antes de 2012", rematou, esperando que as alterações agora propostas e o projeto seja do agrado de quem ali vive. "Queremos que as pessoas façam parte do projeto", finalizou.