“Não escondo que a UBI sofre da falta de docentes e de funcionários. Até houve uma altura em que sofria de falta de estudantes. Hoje, sentimos de uma forma terrível a falta de docentes a tempo inteiro, em particular na Faculdade de Artes e Letras, e a falta de funcionários em toda a universidade”, disse.
António Fidalgo falava na cerimónia da Abertura Solene do Ano Académico desta instituição de ensino superior, sediada na Covilhã, distrito de Castelo Branco, numa intervenção em que começou por apontar o crescimento da UBI, para finalizar com “uma nota relativa às sobras que pairam” e com um apelo.
António Fidalgo relembrou as restrições orçamentais do financiamento público da UBI e frisou que, apesar de as dificuldades serem “conhecidas e reconhecidas”, o problema tarda em ser resolvido.
“Oxalá, este é o meu voto de esperança, a nova legislatura política tenha a visão e o propósito de corrigir erros passados e continuados pelo histórico do financiamento das instituições de ensino superior”, frisou, numa crítica ao “subfinanciamento crónico” que a UBI enfrenta e que já denunciou inúmeras vezes.
António Fidalgo também não deixou de sublinhar que a UBI ultrapassou este ano, pela primeira vez, os 8.000 alunos, sendo que, desses, 20% são estrangeiros.
“Do ano passado para este aumentámos o número de alunos inscritos, nos três ciclos de estudo, de 7.262 para 7.820 alunos, um aumento de 7,5%. Acrescentando os alunos de mobilidade, os inscritos no ano zero e, ainda, os de pós-graduação, atingimos 8.162 estudantes”.
Depois de reiterar a importância do conhecimento e de ter defendido que é necessário promover “culturas esclarecidas, tolerantes, abertas à diferença e universalistas”, António Fidalgo também salientou que a evolução da UBI “tem sido progressiva” e muito considerável em termos dos alunos estrangeiros.
Segundo especificou, em 2016 a UBI tinha 724 alunos estrangeiros inscritos nos três ciclos de estudo, tendo chegado aos 1.380, em 2019.
Somando-lhes os alunos da mobilidade, disse, os estudantes de outras nacionalidades perfazem já os 20%.
Por seu turno, o presidente da Associação Académica da UBI, Afonso Gomes, manifestou a preocupação com a falta de camas para acolher o maior número de alunos e reivindicou soluções que não cedam aos interesses imobiliários.
Afonso Gomes também deixou um apelo nacional para o reforço da ação social e a nível regional defendeu que é necessário criar estratégias concretas para a fixação dos estudantes na Beira Interior, mesmo depois do fim do curso.
A questão do financiamento foi também abordada pelo presidente do Conselho Geral da UBI, José Ferreira Gomes, que também foi secretário de Estado do Ensino Superior e da Ciência no governo liderado por Pedro Passos Coelho.
Olhando para as medidas inscritas no programa do atual Governo para o ensino superior, este responsável verificou que “se repete a promessa de sempre de um financiamento base estável”, mas que não se fala “do necessário aumento do financiamento global das instituições”.
José Ferreira Gomes defendeu ainda que, “num quadro de incerteza externa, a UBI “tem de procurar apoiar-se na robustez interna e de assegurar o apoio da cidade para a sua estratégia de universidade e de cidade universitária”.
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