“O que é um facto é que o nosso orçamento, comparado com o de outras instituições, deveria ser superior em mais seis milhões de euros, pelo menos”, afirmou.
Mário Raposo falava na cerimónia do 36.º aniversário da UBI, durante a qual foram atribuídos dois doutoramentos honoris causa, a Orlando António Quilambo, reitor da Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique), e a Orlando Manuel José Fernandes da Mata, reitor da Universidade Mandume ya Ndemufayo (Angola).
Na intervenção, o reitor da UBI, que cumpre o primeiro ano do mandato, alertou para o subfinanciamento da instituição, problema que foi diversas vezes denunciado pelos seus antecessores.
O responsável frisou que o crescimento da UBI não tem sido acompanhado pelas transferências do Governo e que nem sequer são tidos em conta os custos de contexto acrescidos pela aposta em ter o campus universitário instalado ao longo da cidade, em vários edifícios que eram fábricas abandonadas e foram transformados em faculdades.
Sublinhando que a instituição já conta com 8.629 alunos, também destacou que esta é uma das universidades portuguesas que menos recebe por aluno.
Ainda assim, disse, tem mantido as contas equilibradas, graças ao “esforço e abnegação” de todos.
“Devemos ser recompensados por isso, e não penalizados”, reiterou, num apelo ouvido pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
Fazendo uma caracterização da evolução, sublinhou que a capacidade de atrair e reter alunos assenta na qualidade e prestígio do corpo docente.
Nesse sentido, informou que foi já dado início a uma “estratégia progressiva e gradual de contratação e renovação do corpo docente em áreas científicas mais necessitadas” e que está em curso a abertura de 29 concursos para professores associados de todas as áreas científicas.
Também assumiu a ambição de “uma lógica de atração e fixação dos melhores investigadores” e vincou que essa será uma agenda a debater com a tutela.
Mário Raposo anunciou igualmente que está em preparação um novo regulamento orgânico da UBI e que está a ser elaborado o Plano Estratégico para o período de 2022-2030.
Pensar a UBI à escala internacional, apostar na modernização digital e manter a ligação à cidade e à região, foram alguns dos desafios que destacou.
Mário Raposo não esqueceu o contexto internacional e abordou a guerra na Ucrânia, sublinhando que é um “exemplo de barbaridade e iniquidade jamais imaginável” nos tempos que correm e referindo que a UBI manifestou “total disponibilidade” para acolher estudantes ucranianos.
Nesta sessão, o presidente da Associação Académica da UBI, Ricardo Nora, também se juntou aos apelos para o reforço do financiamento, o que permitirá fazer investimentos em nome da melhoria das condições para os alunos.
Por seu turno, o presidente do Conselho Geral da UBI, Hugo Carvalho, também colocou a questão em cima da mesa: “A UBI não é compensada por razões de interioridade, não é compensada pelo seu histórico, não é compensada pelo aumento que teve na sua estrutura. Por exemplo, continua a receber como se ainda não tivesse Faculdade de Medicina e isso não está certo e convoca-nos a todos para o mudar”, disse.
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, enalteceu o papel da UBI para ajudar a desenvolver o Interior e deixou a promessa de também ela lutar por um “financiamento adequado”.
“Sabemos bem das necessidades da UBI, sabemos como precisam de reforçar o vosso financiamento para que corresponda efetivamente ao papel fundamental que a UBI tem tido, e terá cada vez mais, no desenvolvimento desta região. Quero que saibam que podem contar com esta ministra na defesa de um financiamento adequado”, afirmou.
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