A OMS declarou hoje o surto de Monkeypox como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional, o nível mais alto de alerta, quando estão notificados mais de 16 mil casos em 75 países.
“Temos um surto que se está a espalhar rapidamente à volta do mundo, do qual sabemos muito pouco e que cumpre os critérios dos regulamentos internacionais de saúde”, adiantou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa, após a reunião do Comité de Emergência que avaliou a evolução da doença no mundo.
Na sequência desta declaração, a Direção-Geral da Saúde (DGS) afirmou que Portugal já adotou as medidas fundamentais para responder à Monkeypox, um surto que levou hoje a Organização Mundial da Saúde a decretar a emergência de saúde pública internacional.
“Não implica muito mais do que aquilo que está a ser feito. Todas as medidas têm sido tomadas, mesmo sem essa declaração” de emergência de saúde pública de preocupação internacional decidida hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS), disse à Lusa a porta-voz da DGS para o surto em Portugal.
Segundo Margarida Tavares, a nível nacional, “já estão implementadas as medidas fundamentais” para responder ao surto que surgiu em 03 de maio, com a confirmação laboratorial dos primeiros cinco casos, e que, desde então, já resultou em 588 pessoas infetadas.
Segundo a DGS, uma pessoa que esteja doente deixa de estar infecciosa apenas após a cura completa e a queda de crostas das lesões dermatológicas, período que poderá, eventualmente, ultrapassar quatro semanas.
Os sintomas mais comuns da doença são febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos com o aparecimento progressivo de erupções que atingem a pele e as mucosas.
As datas fundamentais
1970: primeiro caso detectado
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a varíola-dos-macacos foi detectada pela primeira vez em seres humanos no ano de 1970, na República Democrática do Congo (RDC, na época Zaire), num menino de nove anos.
Desde então, foram registados casos humanos de varíola-dos-macacos em zonas rurais ou em florestas de 11 países de África: Benin, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Libéria, Nigéria, República Centro-Africana, Congo, RDC, Serra Leoa e Sudão do Sul.
2003: primeiro surto fora da África
O primeiro surto fora do continente africano foi nos Estados Unidos, em junho de 2003.
As autoridades sanitárias dos Centros de Deteção e Controlo de Doenças (CDC) reportaram 87 casos, dos quais 20 foram analisados e confirmados, mas nenhuma morte.
A doença propagou-se no país depois da contaminação de cães-da-pradaria e roedores importados de Gana.
2017: epidemia na Nigéria
A partir de 2017, a Nigéria passa por "uma grande epidemia", ultrapassando 500 casos suspeitos, mais de 200 confirmados e uma taxa de letalidade próxima de 3%, segundo a OMS.
Em setembro de 2018 são notificados casos esporádicos de turistas vindos da Nigéria em Israel. Em dezembro de 2019 e maio de 2021 e 2022 também houve casos no Reino Unido.
Já em Singapura, um caso é confirmado em maio de 2019 e nos Estados Unidos dois casos, um em julho e outro em novembro de 2021.
Maio de 2022: eclosão de casos fora de África
A partir de maio de 2022, apareceram casos em países onde a doença não era endémica até então. No Reino Unido, uma série de contágios foram detectados no início do mês.No dia 20 de maio, o país conta com 20 pacientes.
A doença afeta também a Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Portugal e Suécia.
A OMS regista, então, 80 casos confirmados no mundo, incluindo contágios nos Estados Unidos, Canadá e Austrália.
Final de maio: vacinação dos casos de contacto
Os Estados Unidos anunciam, no dia 23 de maio, a vacinação dos casos de contacto com vacinas contra a varíola, igualmente eficazes contra a varíola-dos-macacos.
Já no dia 26, a União Europeia (UE) anuncia a preparação para compra conjunta de vacinas e tratamentos contra a doença, enquanto França realiza as primeiras vacinações de casos no dia 27.
Início de junho: mais de 1.000 casos
O presidente da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anuncia a 8 de junho "mais de 1.000 casos confirmados" em 29 países em que a doença não era endémica até aquele momento.
No dia 25, Tedros Ghebreyesus considera o surto como uma ameaça muito preocupante para a saúde, mas ainda não a nível de "emergência sanitária mundial".
Final de junho: vacinação preventiva
Com cerca de 800 casos, no dia 21 de junho, o Reino Unido pede a vacinação preventiva dos homens "de risco", em particular homossexuais com múltiplos parceiros.
No dia 8 de julho, França também propõe a vacinação preventiva.
Meados de julho: mais de 14.500 casos em 70 países
No dia 19 de julho, o CDC informa mais de 14.500 casos confirmados em aproximadamente 60 países nos quais a doença era, até então, desconhecida.
Os países europeus, Estados Unidos e Canadá concentraram a maioria dos casos.
23 de julho de 2022: OMS declara varíola-dos-macacos emergência de saúde global
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou este sábado o surto da varíola-dos-macacos uma emergência de saúde pública global. Este é o nível mais alto de alerta da OMS.
O Comité de Emergência para a Monkeypox, que se reuniu na quinta-feira pela segunda vez para avaliar da evolução do surto, não chegou a um consenso, mas a avaliação da OMS é de que o risco é moderado a nível global, exceto na Europa, onde é considerado como elevado.
O diretor-geral da OMS explicou que a sua decisão de declarar a emergência de saúde pública de preocupação internacional baseou-se nas informações que mostram que o vírus se espalhou rapidamente a nível global, mesmo em países sem registo prévio de infeções, assim como nas “muitas incógnitas” face aos dados ainda insuficientes sobre a Monkeypox.
“Sei que este não foi um processo fácil ou simples e que existem pontos de vista divergentes entre os membros”, referiu Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao recordar que, atualmente, o surto concentra-se sobretudo em “homens que fazem sexo com homens, especialmente aqueles com múltiplos parceiros sexuais”.
Isso significa que se trata de um surto que “pode ser travado com as estratégias certas nos grupos certo”, salientou o responsável da OMS, alertando que o “estigma e discriminação podem ser tão perigosos como qualquer vírus”.
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