“Há que haver pressão internacional”, disse o deputado regional social-democrata no plenário do parlamento regional, referindo-se à instabilidade política e económica na República Bolivariana da Venezuela, que já provocou mais de 90 mortes em confrontos e distúrbios.
Jaime Filipe Ramos acrescentou ser “intolerável que se assista à morte e ao massacre” naquele país da América Latina, onde vive uma significativa comunidade madeirense e luso-descendente.
O responsável da bancada da maioria social-democrata vincou que “Portugal e a Madeira têm de estar obrigatoriamente ao lado dos seus conterrâneos”: “Outra coisa não podia ser”.
Na opinião do deputado, os problemas que estas pessoas enfrentam “não podem ser confundidos com questões de regimes e partidos”.
Contudo, considerou “estranho” que depois de 40 anos de democracia “exista quem em Portugal se arrogue” em defensor da democracia e depois “não defenda a democracia e a liberdade” noutros lugares.
A discussão em torno da crise venezuelana foi suscitada pelo deputado do PSD/Madeira Higino Teles, que criticou “a esquerda radical” pela posição que adotou na passada sexta-feira, na Assembleia da República, na votação dos votos de pesar.
O parlamento português aprovou um voto, do PSD e do CDS, de “apelo ao diálogo democrático” na Venezuela, que foi apoiado pelo BE, PEV e PAN, tendo sido rejeitado outro do PCP, que condenava a “ação de grupos golpistas”, que não teve o apoio do PSD, CDS e PS.
“Toda esta esquerda radical, ao contrário daquilo que por vezes aqui dizem, pactua, concorda e como se viu até apoia a vergonhosa, lamentável e condenável repressão democrática que se vive hoje na Venezuela”, afirmou Higino Teles.
O parlamentar considerou que esta é “uma questão delicada que está na ordem do dia”, vincando que os partidos “não podem ter uma ideologia na Assembleia da República e outra na Madeira”.
O deputado Carlos Rodrigues (PSD) corroborou a opinião, perguntando “como pode o PCP, que se diz democrático, pactuar com um regime que já provocou mais de 90 mortos”.
Carlos Costa, do partido Juntos Pelo Povo (JPP), recordou que a Madeira já viveu a experiência de acolher os emigrantes que regressaram das ex-colónias depois do 25 de Abril, questionando se “existem estruturas preparadas para fazer o acolhimento dos lusodescendentes”.
Na passada sexta-feira, o primeiro-ministro em funções, Augusto Santos Silva, revelou que as autoridades madeirenses estimam que se aproxime de quatro mil os emigrantes na Venezuela que já regressaram a Portugal.
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