Numa pergunta enviada ao Ministério do Ambiente, a deputada do PEV Mariana Silva classificou de “condenável” uma caçada que pode ser apelidada de “um verdadeiro massacre de veados e javalis”, 540 no total, e as suas imagens que chocam “pela violência e exibicionismo do ato, pela ostentação” e, “sobretudo, pela sensação de impunidade associada ao ato”.
“Choca-nos, e tudo leva a crer que assim foi, que as autoridades competentes tivessem conhecimento da ocorrência através da comunicação social, sem que tenha sido dado qualquer parecer ou autorização pelo organismo que tutela a caça para que esta atividade possa ter tido lugar. Ao que tudo indica nem antes, nem depois, da contabilidade feita ao número de animais abatidos”, lê-se na pergunta dirigida ao Ministério do Ambiente, através da Assembleia da República.
O PEV quer saber “se no plano de ordenamento e exploração cinegética” da zona de caça da herdade da Torre Bela, concelho da Azambuja, permite “abater tantos animais e se a autoridade responsável, nomeadamente o Instituto de Conservação da Natureza (ICNF), aprovou este plano”.
Na lista de sete perguntar, os Verdes questionam ainda o executivo sobre o número de efetivos do corpo de Vigilantes da Natureza e ou Guardas Florestais afetos à zona onde se insere a Torre Bela e “que condições têm para monitorizar as atividades cinegéticas” e que outros espaços existem no país onde este tipo de caçadas pode acontecer.
Livre repudia matança na Azambuja e exige “ampla revisão” da Lei da Caça
O Livre expressou hoje “absoluto repúdio” pela matança de 540 animais na Quinta da Torre Bela, na Azambuja, considerando “urgente” esclarecer o que aconteceu e exigindo uma “ampla revisão” da Lei da Caça.
“O Livre vem desta forma comunicar absoluto repúdio pelo massacre destas centenas de animais”, pode ler-se numa nota enviada pelo partido às redações.
Até que uma “ampla revisão” da Lei da Caça seja feita, o partido da papoila considera necessária “uma inspeção regular e atenta de todas as atuais zonas de caça do país e a reposição do calendário venatório anual assente numa avaliação mais frequente e rigorosa do estado das populações das nossas espécies selvagens”.
“Sendo a caça direta uma das causas principais para o declínio da biodiversidade, conforme tem sido salientado pela comunidade científica e pelas organizações não-governamentais de ambiente nacionais e internacionais, a promoção desta prática para fins considerados desportivos é altamente questionável”, sustenta.
O Livre sublinha ainda que, “em nenhum momento poderão ser toleradas ações de caça que concentrem um número tão elevado de abate indiscriminado num escasso período de tempo e de espaço como se verificou na Quinta da Torre Bela”.
“É urgente esclarecer o que ocorreu, assim como o destino que será dado aos animais abatidos. Desta forma, deverão ser tornados públicos os resultados da investigação - que se pretende célere, mas rigorosa - que irá decorrer na sequência da queixa apresentada pelo Ministério do Ambiente ao Ministério Público”, apela o partido da papoila.
Na segunda-feira, o Instituto da Conservação da Natureza abriu um processo para averiguar junto da Zona de Caça Turística de Torre Bela, concessionada à Sociedade Agrícola da Quinta da Visitação, SAG, Lda., "os factos ocorridos e eventuais ilícitos" relacionados com estes abates.
O jornal 'online' O Fundamental divulgou no domingo que 540 animais, a maioria veados e javalis, foram abatidos numa montaria nos últimos dias.
O abate, segundo o jornal, terá sido "publicitado" nas redes sociais "por alguns dos 16 'caçadores' que terão participado" na iniciativa.
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