"Nos últimos dois dias telefonei a todos os responsáveis de partido, conversámos, e vamos esta semana retomar as negociações com Viktor Orban, se ele quiser. Ele pediu, ontem [quinta-feira], para falar connosco. É um bom sinal. Eu estou sempre aberto ao diálogo. Mas não em qualquer condição. As minhas condições vão ser restritas, caso ele queira manter-se no Partido Popular Europeu. Se não as aceitar, a 20 março, será votada a expulsão do Fidesz", disse Joseph Daul, à margem de uma vista à casa de vinhos Ermelinda Freitas, no concelho de Palmela, no distrito de Setúbal.
"Não sei ainda o que vou propor, porque há, por um lado, o Viktor Orban, por outro, há partidos que são mais próximos, que têm relações mais próximas com a Hungria, como por exemplo a Alemanha, a Áustria, que estão diretamente ligados e que têm uma visão diferente da de Portugal ou dos países do norte. Vou ver agora, enquanto presidente, qual será a melhor solução, sob a condição que o Viktor Orban aceite retirar tudo o que fez nos últimos tempos e que se volte a colocar no caminho certo. O que a mim me custa a acreditar", acrescentou.
O processo de expulsão do Fidesz, partido do primeiro-ministro húngaro, que está a cumprir o terceiro mandato consecutivo, foi desencadeado por diversos partidos que integram o PPE, designadamente o CDS-PP, que não se revêm em muitas das medidas adotadas pelo Governo húngaro, que colocam em causa a independência do sistema judicial e a liberdade de expressão, entre outros direitos e valores fundamentais para a União Europeia.
O diferendo agudizou-se nos últimos dias, com o contra-ataque do primeiro-ministro da Hungria ao processo de expulsão, em que comparou os políticos europeus que pedem a expulsão do Fidesz a "idiotas", que, alegadamente, se estariam a deixar manipular pela oposição de esquerda.
No que respeita às próximas eleições para o Parlamento Europeu, confrontado com a possibilidade de nenhum dos principais grupos europeus, socialistas e PPE, poderem não ter os votos suficientes para uma maioria nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, Joseph Daul lembrou que o PPE precisou sempre de se entender com outros grupos políticos para constituir uma maioria.
"Nunca tivemos a maioria sozinhos. Foi sempre com os socialistas. Com eles tínhamos a maioria. Mas temos outros partidos democráticos com quem podemos ou devemos encontrar a maioria no que ao nível do Parlamento europeu diz respeito. O PE é constituído assim. Temos de negociar, temos de assumir compromissos, para podermos encontrar soluções. Estou muito convicto que o 27 de maio vamos encontrar compromissos ao nível do PE com as forças democráticas do Parlamento", disse.
Na visita que efetuou no Dia Internacional da Mulher à Casa Ermelinda Freitas, construída e liderada por cinco gerações de mulheres, na localidade de Fernando Pó, em Palmela, no distrito de Setúbal, Joseph Daul, pediu apenas uma coisa para as mulheres: "que se aplique a lei francesa".
"Nas listas francesas é obrigatório que haja uma mulher, um homem, ou um homem-uma mulher. Em toda a lista. Portanto é 50 por cento. Seria necessário que houvesse mais mulheres. Sou completamente a favor, mas também vos posso dizer que quando vi isso achei que não era normal que se fizesse. Hoje em dia já ninguém discute o assunto e há 50 por cento de mulheres nas listas", sublinhou.
"No que diz respeito às responsabilidades, sabem que temos mulheres em cargos de grande responsabilidade na Europa. Eu conheço uma com quem me vou encontra segunda-feira de manhã, penso que a conhecem tão bem como eu. E ela [Angela Merkel], as responsabilidades ao nível europeu, assume-as. Portanto, também há mulheres com poder e que trabalham no seio da Europa. Não são suficientes, estou de acordo convosco, mas este [Angela Merkel] é um exemplo, e muito bom", concluiu Joseph Daul.
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