Na presença dos mais altos representantes do Estado português e de familiares, amigos e estudiosos do percurso de Aristides de Sousa Mendes, a cerimónia que decorre no Panteão Nacional começou com a interpretação do Hino Nacional pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
Coube a Margarida de Magalhães Ramalho, investigadora e coautora do Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes, o elogio fúnebre ao mais famoso diplomata português, durante o qual recordou a perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, que terminou com seis milhões deles mortos, entre outros que o nazismo perseguiu.
Durante o conflito, recordou, “os que estavam em fuga apenas queriam chegar ao sul de França e passar a fronteira. Tarefa nada fácil, pois tinham de ter válidos quatro vistos: saída de França, entrada em Espanha, que pressupunha uma entrada em Portugal, e esta pressupunha um visto definitivo para outro país”.
“É neste contexto de angústia e desespero generalizados que Aristides Sousa Mendes, que desde o início da guerra vinha emitindo alguns vistos à revelia da circular 14, o que lhe custou várias chamadas de atenção, decide, a 17 de junho, ao fim de três dias de uma enorme luta interior, escutar a voz da sua consciência e, ao arrepio das ordens de Lisboa, começa a emitir vistos a toda a gente, ordenando aos consulados dele dependentes que fizessem o mesmo”, referiu.
Nesta sua decisão, Aristides Sousa Mendes pode contar com o apoio condicional da sua mulher e filhos, recordou a investigadora, segundo a qual, graças ao “ato de consciência” do diplomata, pelo menos 10 mil pessoas entraram em Portugal, fugindo ao horror da perseguição nazi.
A intervenção de Margarida de Magalhães Ramalho foi seguida da atuação do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, que interpretou Requiem, de Fauré: Introit et Kyrie.
Seguiu-se a projeção, por vídeo, de vários testemunhos sobre a ação de Aristides de Sousa Mendes, antes de uma nota atuação do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, com Requiem, de Fauré: Sanctus.
A homenagem a Aristides Sousa Mendes foi aprovada pelo parlamento, no seguimento de um projeto de resolução proposto pela deputada não inscrita Joacine Katar Moreira (ex-Livre).
O antigo cônsul português está a ser homenageado sem a presença do corpo no túmulo que, desta forma, evitou a habitual trasladação para o Panteão Nacional.
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