Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, a direção nacional da APG frisou que a intervenção de Carlos Barbosa — definindo a GNR como “caríssima” e manifestando que aquela força militar, “leva couro e cabelo, todos os anos” à organização do Rali de Portugal — afetam o prestígio da instituição e desconsideram o trabalho de todos os profissionais da Guarda que anualmente prestam serviço ao rali “cumprindo quase sempre 24 horas de serviço em condições precárias”.
A Associação dos Profissionais da Guarda notou que Carlos Barbosa se queixou à imprensa “à semelhança do que tem vindo a ser habitual”, sobre o valor pago à GNR pelo serviço de segurança prestado durante a prova do Mundial de ralis (WRC) e que “é garantido pelos profissionais em regime de remunerado”.
As declarações de Carlos Barbosa foram feitas na terça-feira, à margem de uma sessão de assinatura de protocolos entre o ACP, os seis municípios da região Centro e a entidade regional de turismo, tendo em vista a edição deste ano do Rali de Portugal, que percorre aquele território nos dias 09 e 10.
Na altura, ouvido pela Lusa, Carlos Barbosa orçou o pagamento à GNR em 605 mil euros, suportados integralmente pela organização do rali.
“Percebe-se que o que o Sr. Presidente do ACP pretende é que estes profissionais trabalhem de graça, incluindo a segurança do evento no policiamento geral e, considerando o nível de empenho que exige o rali, privando as populações do direito à segurança pública”, acusou a APG, no comunicado.
“Dentro do tom de irresponsabilidade a que nos habituou o Sr. Carlos Barbosa, já não é sequer expectável que se retrate junto da Instituição e dos profissionais já que apenas pretende aumentar as suas margens de lucro à custa do esforço alheio e, no limite, do direito à segurança dos cidadãos”, adianta a nota.
Contactado pela agência Lusa, César Nogueira, presidente da direção da APG, explicou que a segurança realizada pela GNR ao Rali de Portugal é efetuada pelos militares em regime remunerado, para além das horas normais de serviço e que não configura horas extraordinárias por não se tratar de uma continuidade do serviço público normal.
Por outro lado, acrescentou, há militares da GNR que, ou por estarem deslocados dos seus locais habituais ou pelos horários a que assumem a segurança do Rali de Portugal, acabam por fazer 24 horas de serviço, sem conseguirem ir a casa.
Na nota, a APG acusou ainda o presidente do ACP de não ser de boas contas: “frequentemente os profissionais da GNR são pagos tarde e a más horas, com atrasos por vezes de cerca de um ano, contrariando-se o que está legislado a este respeito e que deveria ser cumprido. Não persistem dúvidas, a lei impõe que estes serviços sejam pagos antecipadamente”, argumentou a associação sindical.
“Se o Rali de Portugal tem o relevo que tem, tal só é possível graças ao serviço prestado pela GNR e menosprezar isso é desprestigiar os profissionais e a instituição que representam”, alegou a APG, apelando a uma tomada de posição por parte do Comando da GNR “que garanta o cumprimento da lei e o pagamento atempado dos serviços” por parte do ACP.
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