A 42ª edição do Dakar arranca no próximo dia 5 de janeiro, em Jeddah e termina 12 etapas e 7800 quilómetros depois, a 17, em Qiddiyah, um megaprojeto turístico na região de Riade, num percurso feito 70% em areia. Para dia 11 está reservado o dia descanso, depois da etapa supermaratona. A maior etapa será disputada no dia 14 de janeiro, entre Wadi Al-Dawasir e Haradh, com 891 quilómetros.

42 anos depois da prova que arrancou de Paris até Dakar, no Senegal, pisou o continente africano durante três décadas, mudou-se para a América do Sul durante outra, abre, em 2020, o seu terceiro capítulo. Nesta nova etapa da mais dura competição de todo o terreno idealizada por Thierry Sabine, o deserto das arábias será o palco da aventura sobre rodas.

A Arábia Saudita será o 30.º país a ver passar motos, carros, quads camiões e SSV’s. Uma estreia num novo continente que abre um novo mundo para os pilotos, respetivas caravanas e comitivas.

A Lei Sharia, em vigor, proíbe o consumo de álcool e de carne de porco na cantina do bivouac. Isso mesmo é recordado num documento, “Guia de boas práticas”, distribuído pela organização ASO aos pilotos que são aconselhados a não mostrarem tatuagens e, no caso concreto das mulheres, a não mostrarem os ombros e a usarem roupa que tape as pernas até aos joelhos. E é ainda proibido o transporte e consumo de drogas. Severas penas de prisão ou mesmo pena de morte é o castigo previsto para infratores.

O Dakar 2020, prova que pode ser acompanhada em Portugal no Eurosport, apresenta novas regras. O road book será a cores e, em seis etapas, as equipas recebem-no poucos minutos antes da partida para as especiais. Desta forma, quem organiza coloca em pé de igualdade todos os pilotos, em especial quem não tem por detrás uma equipa a escolher os melhores percursos na véspera, como acontecia até agora.

Fernando Alonso, bicampeão mundial de Fórmula 1 é a maior novidade na lista de inscritos, estreando-se ao volante de um Toyota, que tem em Nasser Al Attiyah, vencedor em 2019, um dos principais candidatos. Nos automóveis, Stéphane Peterhasnsel, piloto francês seis vez campeão em motas e sete em quatro rodas, é um dos favoritos. Terá como navegador o português Paulo Fiuza, Nas motas, a KTM soma 18 títulos consecutivos, pelo que não se antevê tarefa fácil para os concorrentes. Sam Sunderland, piloto inglês de 30 anos, que vive nos Emiratos Árabes Unidos, surge à cabeça como um dos potenciais vencedores. Nos camiões, os pilotos dos Kamaz, marca russa com 16 triunfos, partem na linha da frente a mais uma conquista, em especial Eduard Nikolaev, que já conquistou 4 Dakar’s, três deles de forma consecutiva.

11 Portugueses no Dakar. Uma história que começou com José Megre

José Megre abriu as portas do Dakar aos portugueses no ano de 1982. Três equipas foram inscritas ao volante de UMM 2500 Diesel (viaturas de todo-o-terreno construídas em Portugal, na União Metalo Mecânica): José Megre/Manuel Romão, Pedro Cortês/ Joaquim Miranda e Diogo Amado/Pedro Vilas Boas levaram os jeeps portugueses até ao fim.   

Em 2020, serão 11 os pilotos nacionais. Nas motos, Paulo Gonçalves (Hero), que faz equipa com Joaquim Rodrigues Jr é o nome mais sonante da comitiva portuguesa.

Mário Patrão (KTM), o luso germânico Sebastian Bühler (Hero), o luso espanhol Fausto Mota (Husqvarna) e António Maio (Yamaha) fecham a lista nas duas rodas.

Nos carros, o navegador Filipe Palmeiro acompanha o piloto russo Boris Garafulic (Mini número 313). O destaque para a presença dos irmãos Porém, Ricardo e Manuel, com um Borgward oficial. Paulo Fiusa é o navegador de Stéphane Peterhansel, substituindo a irmã mulher do piloto francês, Andrea Mayer, afastada por problemas de saúde. Pedro Bianchi Prata alinha como navegador do piloto de ralis Conrad Rautenbach (PH Sport) na categoria SSV, e, finalmente, José Martins irá ao volante de um camião DAF.