“Desde José Roquette até à direção anterior à de Bruno de Carvalho foi tudo posto em causa, e no meu entender isso foi feito pelo próprio Bruno de Carvalho”, afirmou Dias da Cunha, que liderou o Sporting entre 2000 e 2005.
O antigo presidente 'leonino' foi a primeira testemunha a ser ouvida hoje no início do julgamento da ação interposta por Godinho Lopes contra Bruno de Carvalho, Jaime Marta Soares, presidente da mesa da assembleia geral, e Jorge Bacelar Gouveia, antigo líder do conselho fiscal.
Depois de ter sido ‘vice’ de Dias da Cunha, Godinho Lopes, que liderou o Sporting entre 2011 e 2013, foi expulso de associado numa assembleia geral realizada em 28 de julho de 2015, com base numa auditoria, segundo a qual se verificaram “graves irregularidades” durante a a sua gestão.
Como vice-presidente para a área do património, Godinho Lopes esteve diretamente ligado à construção do complexo Alvalade XXI, que engloba o atual estádio, e da Academia dos ‘leões’ em Alcochete, ocupando o cargo de presidente da Sociedade Novo Estádio José Alvalade (NEJA).
Godinho Lopes, antecessor de Bruno de Carvalho na presidência, pretende ver punidos comportamentos difamatórios do atual líder do clube, de Jaime Marta Soares e de Jorge Bacelar Gouveia e exige uma indemnização conjunta de 500.000 euros, que pretende doar a uma instituição.
Em tribunal, Dias da Cunha defendeu as ideias de que “a construção do complexo Alvalade XXI foi uma obra bem gerida” e de que “a obra da academia até ficou ligeiramente abaixo do que estava estimado”.
“A estratégia que o Sporting seguiu [de não adjudicar toda a obra a uma só empresa] envolveu mais riscos, mas permitiu que os trabalhos fossem adquiridos sem intermediários. Acho que foi uma obra bem gerida”, disse.
José Diogo Salema, que acompanhou de perto as obras da academia, referiu que em 1999 foi aprovado um projeto, que nada tem a ver com o que acabou por ser construído e inaugurado em junho de 2002.
“O valor estimado que é indicado [na auditoria] diz respeito a outra obra, trata-se de obras totalmente diferentes”, disse, acrescentando: “em 1999 foi aprovado um investimento numa academia que contemplava campos e pouco mais.”
A última testemunha a ser ouvida na primeira sessão foi Henrique Estrela da Cunha, funcionário do Sporting durante 12 anos e antigo diretor-geral de instalações e operações, que deixou o clube em 2013 na sequência de uma rescisão por mutuo acordo, no âmbito de um processo de redução da massa salarial.
Estrela da Cunha disse ter estranhado o facto de nunca ter sido abordado pela atual direção para passar qualquer dossier: “Depois de ter estado 12 anos no Sporting, se alguém conhecia bem aquela casa era eu.”
O julgamento, no qual apenas marcou presença o queixoso, prossegue em 08 de março, com a audição de três testemunhas: António Sousa Duarte, Rui Barreiro e Acácio Piloto.
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