O Parque das Nações foi o palco por excelência para os adeptos do PSG que queriam ver a final em Lisboa, mesmo sem o sonho de poder ver ao vivo dentro do estádio a primeira final do clube. Na área dos bares da antiga Expo98, perto do hotel onde o PSG esteve instalado nas últimas duas semanas, várias centenas de adeptos vibraram com a final e sofreram com o golo do gaulês Coman, que acabou por dar o título aos germânicos.
Em tempo de pandemia de covid-19, eram mais as camisolas parisienses do que as máscaras de proteção individual e o distanciamento social não passou de uma ilusão, completamente esquecida pelos adeptos no calor do jogo. De facto, o que não era esquecido eram os cânticos de apoio ao PSG, com “Paris est magique” a ser frequentemente entoado com toda a força enquanto a bola ainda rolava no relvado.
Após o apito final, Corentin Carvalho era o retrato perfeito da tristeza: Sentado num degrau de pedra, sozinho, com o ar cabisbaixo suportado por uma mão, enquanto a outra mexia no telemóvel.
“Jogámos bem na primeira parte. O Bayern não criou grandes oportunidades e nós não conseguimos marcar as nossas ocasiões. O Neuer fez um grande jogo. Neymar e Mbappé estiveram ao seu nível, mas não concretizaram as ocasiões. No final, acabámos por perder 1-0, é um resultado ilógico”, afirmou à Lusa o adepto parisiense, que deixou escapar a “esperança” de ver o clube ganhar finalmente a Champions “nos próximos quatro ou cinco anos”.
Alguns metros mais à frente, Maxime Corbeel fumava para tentar serenar a frustração e ia desabafando com um amigo. Inicialmente renitente a falar sobre a final perdida, acabou por se pronunciar, lamentando algumas decisões do treinador Thomas Tuchel e a falta de sorte.
“Esperava um pouco mais da equipa. Queria outro onze, com Verratti a titular, o que não aconteceu, infelizmente. Tivemos as nossas ocasiões, sobretudo no final da primeira parte, quando Mbappé falhou sozinho na zona de penálti, lamentavelmente. É uma desilusão”, admitiu, nomeadamente, para quem diz ter “o melhor ataque do mundo”.
Se a desilusão francesa estava essencialmente concentrada num local de Lisboa, a alegria alemã estava mais dispersa. Depois da confirmação do triunfo, alguns adeptos voltaram a reunir-se junto ao Estádio da Luz, na esperança de saudar os novos campeões europeus, e um desses apoiantes era um solitário português equipado a rigor com as cores bávaras.
“Estava próximo e não conseguia ficar em casa sem vir agradecer este esforço e este 2020 absolutamente brilhante, agradecer ao [Hans-Dieter] Flick toda a transformação que deu à equipa e ao Bayern, porque é, de facto, um clube único”, afirmou João Camilo, que garantiu já estar à espera de um jogo “muito difícil” diante do PSG.
Questionado sobre as origens do apoio ao clube bávaro, este adepto, de 48 anos, evocou as memórias de uma era dourada do Bayern e uma admiração que já vinha do seu progenitor.
“Lembro-me de o meu pai dizer ‘Os alemães são bons’ e isto ficou-me na memória. Nasci em 1972 e as primeiras memórias são do Bayern de Maier, Breitner e Rummenigge. Sempre fui um fã brutal. O Bayern é o grande amor da minha vida a nível desportivo, uma referência única. Devo muito do que sou ao Bayern”, resumiu.
O alemão Fabian Geske não escondeu o sentimento “especial” por ver o Bayern triunfar em Portugal, país que disse já ter visitado mais de uma dezena de vezes nos últimos anos, e enalteceu a resposta da equipa às circunstâncias da competição devido à pandemia.
“Penso que foi mais duro para os jogadores se concentrarem e darem o seu melhor, porque todos os jogadores precisam do apoio dos adeptos e isso foi diferente este ano. Não é bem a mesma coisa, mas a equipa passou quartos de final, meia-final e final. Por isso, é quase a mesma coisa [do que vencer uma edição normal da Liga dos Campeões]”, concluiu.
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