24 anos depois do último Grande Prémio de Fórmula 1, o “circo” da mais importante prova do automobilismo mundial regressa a uma pista portuguesa, nos dias 23 a 25 de outubro. A confirmação oficial surgiu durante uma apresentação no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), infraestrutura inaugurada em 2008 “já com esse propósito”, conforme reconheceu ao SAPO 24 Paulo Pereira, CEO do AIA. “É o culminar de uma vida de um projeto que estava destinado a isso”, sintetizou. “Uma vitória que é do Algarve e do país”, atirou o homem que foi durante o dia de hoje caraterizado como “sonhador, lutador e concretizador” enquanto corria a apresentação que se vestiu de gala e reuniu membros do governo, do desporto ao turismo, o Algarve autárquico, turismo nacional, Região de Turismo do Algarve e Turismo de Portugal e entidades federativas (FPAK).
“No momento difícil para o mundo inteiro esta equipa foi atrás de algo que parecia impossível. Nós, Portugal, conseguimos”, disse, recuperando uma exclamação que Isilda Gomes, presidente da câmara municipal de Portimão usou por diversas vezes durante a sua intervenção.
Colocado no calendário 2020 em virtude da situação pandémica que afetou o mundo e as competições desportivas a nível mundial e que levou a FIA a anular provas do Mundial de F1, o autódromo de Portimão foi eleito oficialmente para albergar o 26º Grande Prémio de Portugal (16 contabilizáveis para o Mundial de F1), depois da “escolha de público, pilotos e agentes económicos” já o terem feito.
Levar até às últimas a questão do público nas bancadas, segurança e infraestruturas
Paulo Pinheiro recusa que o circuito algarvio seja uma prova de substituição. “Era importante acreditar que temos melhores condições segurança que outros locais, melhor circuito, infraestruturas ímpares. Fomos com este pacote até às últimas. E conseguimos e trouxemos a prova nas condições que queríamos, como queríamos, na data que queríamos. É uma vitória”, exaltou ao falar da confirmação do GP Heineken de Portugal.
Ponto essencial foi sempre a presença de público nas bancadas que albergam, na sua capacidade máxima, 90 mil espetadores. “Um evento de Fórmula 1 tem de ter público. Se não, seria um evento e não uma festa. Ter público é uma vitória nossa”, realçou o homem forte do AIA.
Sem adiantar, a esta distância, qual a capacidade a ocupar, Paulo Pinheiro salientou que foi criado um pacote de medidas que vão desde o sítio para estacionar, passar os torniquetes, idas à casa de banho, sentar-se na bancada. "Todos os passos foram pensados. Criámos e estruturámos um modelo, sujeito a confirmação, que permite, em total segurança, realizar-se com público. “Seja mil ou 90 mil”.
“Será um evento com o maior impacto económico nos últimos 10 anos em Portugal, maior divulgação mundial em termos televisivos, superior ao Euro 2004, marco para o pais e para a marca Portugal chegar aos quatro cantos do mundo”, rematou Paulo Pinheiro.
Tapete novo para uma prova
O Grande Prémio de Portugal obrigará a uma intervenção nos 4,692 quilómtros de extensão do asfalto do autódromo de Portimão respondendo ao caderno de encargos assinado com a Liberby Media, empresa que gere a Fórmula 1.
“Por nossa iniciativa vamos antecipar o trabalho de asfaltamento da pista. Algo que estava previsto para o ano”, confirmou Paulo Pinheiro, sem, no entanto, adiantar valores. Sabe-se sim, que o Turismo de Portugal apoiará com 1.5 milhões de euros.
“Temos um caderno encargos intenso. Com as unidades hoteleiras, rent cars e restaurantes que vão ficar aberto até final outubro”, frisou.
Ni Amorim: “um dos dias mais felizes da minha vida”
Para Ni Amorim, presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Kart (FPAK), este é “um dos dias mais felizes da minha vida”, disse ao falar do seu contributo para regresso da F1.
“Num ano difícil, a data, 25 de outubro, em que a sazonalidade se acentua, não poderia ser melhor. É uma vitória do Algarve e do país e, como prova internacional, quando aqui se destaca destaca-se o pais como um todo”, disse o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, à margem do evento.
Sem futurologias em relação a eventuais mudanças na questão sanitária e de segurança, Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo que não deixou de salientar “que o público da F1 elegeu o Algarve” e que se espera com a presença de público, pilotos e escuderias “um impacto para a região e para o país na ordem dos 30 milhões”, disse. “Tenhamos a capacidade de cumprir as regras de segurança e sanitárias”, acrescentou, na apresentação, a representante do governo.
João Paulo Rebelo, secretário de Estado do Desporto assumiu que a concretização do GP “resulta das maiores cumplicidades entre diversas entidades. Conseguimos do plural porque houve articulação” entre diversas entidades. “Temos excelente capacidade de organização de grandes eventos desportivos e é uma forma de provar como o país está a lidar com a pandemia”, afirmou, no dia em que, por curiosidade, o Reino Unido voltou a deixar Portugal fora do corredor aéreo.
“Esta é uma região com níveis elevadíssimos” de segurança, realçou Isilda Gomes, autarca de Portimão, que destacou “um conjunto de boas vontades” de diversas entidades, governo, ministério da Economia, Turismo e Desporto, turismo propriamente dito e câmaras algarvias. Portimão irá apoiar com “200 mil euros” a prova maior das quatro rodas.
“Temos a capacidade de mostrar para o exterior o que somos capazes de fazer. E que é único. As equipas vão ficar com saudades do Algarve e regressar no ano seguinte”, antecipou.
O circuito este ano receberá ainda a F2 e F3 e a Porsche Super cup.
“No final, será muito difícil as equipas dizerem não”, conclui Paulo Pinheiro. E dia 25 de outubro saberá quem será o campeão dos asfaltos nacionais, onde já brilharam de Stirling Moss (Wanwall), no circuito urbano da Boavista em 24 de agosto de 1958, a Jacques Villeneuve (Williams Renault), no autódromo do Estoril, último vencedor, sendo que dois pilotos – Alain Prost e Nigel Mansel - conseguiram três vitórias, ambos no Estoril, onde também brilharam Ayrton Senna e Michael Schumacher.
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