“Hoje em dia, a diferença não é muito grande. Acho que os challengers já têm condições muito parecidas aos ATP, obviamente não a nível monetário, mas em termos de condições de jogo”, defendeu o melhor tenista português de sempre, em entrevista à agência Lusa, durante o Oeiras Open 3, a decorrer esta semana no Complexo de Ténis do Jamor.
A descida no ranking ‘obrigou’ João Sousa a regressar ao circuito challenger, mas o vimaranense, de 34 anos, ‘descomplica’ o momento que está a viver, notando que jogar esses torneios “não é uma novidade”.
“Já o fiz em 2021. Felizmente, em 2022, só joguei um e depois as coisas correram bem. Mas, lá está, dada a minha posição no ranking, tenho que o fazer. Não são os torneios que eu estou habituado a jogar e que quero jogar, mas passa também por esta fase e, obviamente, espero passar o menos tempo possível [no circuito challenger] e tentar saltar outra vez para os ATP”, reconheceu o 157.º tenista mundial.
Uma lesão grave no pé esquerdo perturbou o caminho sólido (e histórico) de Sousa entre a elite do ténis mundial, mais concretamente o top 100, onde passou oito anos ininterruptos até março de 2021.
“Em 2019, houve uma lesão grave que me impossibilitou bastante de me mexer da maneira que eu me mexia e posicionar-me sempre bem na bola. Isso abalou-me bastante fisicamente e mentalmente. E, depois, custa sempre voltar ao nível a que nós estamos habituados. E, sim, o ano passado foi um ano em que fiz dois grandes resultados e depois tive alguns não tão bons, mas o nível esteve lá. E este ano não comecei tão bem, mas tenho vindo a melhorar e isso é importante”, notou.
O vimaranense não desiste de regressar ao topo, considerando que não desmotivar “é uma questão de humildade”.
“A mim, custou-me bastante depois de 2019, depois da lesão, voltar aos challengers. Custou-me muito a nível mental, porque era algo que eu não tive, se calhar, a humildade suficiente para perceber que faz parte da vida. Era algo a que eu não estava habituado, estava habituado só a jogar ATP, nem sequer pensava no circuito challenger. No entanto, tudo se aprende e, hoje em dia, tenho a humildade suficiente para perceber que o nível challenger é um nível alto, é um nível que obviamente é exigente, tal como o ATP, e é preciso jogar bem, é preciso estar bem para voltar a subir. E o processo é esse”, sustentou.
A carreira do melhor português de sempre no ranking mundial (28.º) tem tido baixos, mas também altos, como a conquista do torneio de Pune (2022) ou a prestação no último Estoril Open, onde jogou a um “nível muito bom” apesar de ter sido derrotado pelo norueguês Casper Ruud, que acabaria por sagrar-se campeão, na segunda ronda.
“Joguei muito bom ténis. E a verdade é que são bons sinais para o futuro. […] Eu sou consciente do nível a que posso jogar. E a verdade é que no Estoril Open eu joguei a um muito bom nível. E isso dá ânimo para o que vem a seguir. Obviamente, não quer dizer nada. No entanto, são bons indícios para se poder fazer bons resultados”, argumentou.
No único torneio ATP disputado em Portugal, Sousa percebeu que continua a conseguir bater-se “com os melhores do mundo”. “Isso dá confiança, independentemente da vitória ou da derrota. Eu costumo dizer que as vitórias vêm com o nível. E se o nível existir, mais tarde ou mais cedo elas vão aparecer. Depois, pode demorar mais tempo ou menos tempo a encontrar os resultados”, completou.
Elogiado por Ruud, atual número três do ranking, que considerou que o português continua a jogar como um top 30 mundial e que merecia ter conquistado o título em Genebra, no ano passado, quando o norueguês o derrotou na final, Sousa disse saber o que é preciso para lá chegar novamente.
“Trabalho. Continuar a trabalhar, continuar fisicamente a tentar recuperar da melhor maneira. Tenho tido alguns problemas físicos, no entanto, não há desculpas. Acho que há semanas boas, há semanas menos boas. E há que continuar a trabalhar na boa linha para me manter no topo”, concluiu o único português a ter títulos ATP no palmarés.
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