Quando voltou ao Brasil, Ronaldinho foi produto de um leilão feito pelo seu irmão, o ex-jogador Assis, entre Flamengo, Palmeiras e Grémio. Além da imagem arranhada com o clube que o formou, essa negociação mostrou claramente como era conduzida a carreira e vida do outrora melhor do mundo. Ronaldinho era um produto, com pouca ou nenhuma voz ativa, joguete dos planos de Assis.

A queda de desempenho do jogador passava a ter outra explicação, para além dos excessos na noite ou falta de motivação. Ronaldinho era apenas mais um caso de um talento extremo com a bola nos pés, mas medíocre intelectualmente fora do campo. As suas fraquezas de personalidade, somadas às ambições quase inescrupulosas de Assis, fizeram de Ronaldinho um produto de entretenimento que rodou o mundo em situações caricatas em busca de dinheiro.

Ao mesmo tempo, Ronaldinho viu o seu nome ligado a escândalos e processos como na acusação de formação de empresa de pirâmide e na condenação por danos ambientais numa construção no interior do Rio Grande do Sul que levou a apreensão do passaporte brasileiro dos dois, devolvidos após acordo com o Ministério Público.

Agora, Ronaldinho e Assis são investigados por outros crimes financeiros no Paraguai, mas foram detidos por entrarem no país com documentos falsos. Ambos tinham passaporte e BI paraguaio falsos e os utilizaram para entrar no país, mesmo não precisando deles para entrar no país, já que um simples documento brasileiro permitiria a entrada.

Segundo a defesa do jogador, os documentos teriam sido conseguidos por um empresário com o qual fazem negócio e os dois não desconfiaram de nada, pois costumam receber privilégios por serem quem são. O advogado do jogador ainda diz que Ronaldinho nem sabia por que estava sendo preso e que é, nas palavras do advogado, "um tonto".

Até que ponto vai a alienação de um jovem milionário, que chegou a ganhar mais de 2 milhões de euros mensais no seu auge? Será mesmo que é possível Ronaldinho fechar os olhos e ser apenas cúmplice das trapalhadas do seu irmão?

De qualquer forma, é mais um caso de jogador brasileiro malformado, ou melhor mal informado, que não sabe o que fazer fora do campo. As inteligências racional e emocional são até mais importantes que o talento para o sucesso, a longo prazo, na carreira profissional no futebol. Mas no Brasil, temos esquecido que um jogador que vai viver dentro do clube desde os seus 14 anos precisa de aprender a viver fora do campo. Se não, será sempre refém de empresários, parentes ou amigos mal-intencionados e das suas próprias fraquezas.