“As medidas, mas sobretudo as exceções, deste decreto governamental surpreendem-nos, e muito”, referiu o presidente da AHP, destacando que a entidade não pode concordar com “medidas pouco claras e discricionárias, decididas em cima da hora” e que “sacrificam as poucas unidades hoteleiras e os trabalhadores que lutam por manter as suas portas abertas”.
“Permitimo-nos recordar ao senhor primeiro-ministro que a hotelaria, onde também existe restauração, está a sofrer brutalmente com o recolhimento, teletrabalho, paragem da economia no geral”, salienta Raul Martins, acrescentando que este segmento “está a sofrer como está todo o setor do turismo: hotelaria, restauração, agências de viagens, empresas de animação turística, de organização de eventos e de espetáculos e as discotecas”.
O presidente da AHP realça que todo o setor está "a sofrer com o ‘lock down’ e a perda de turistas", salientando que "os hotéis não vivem sem turistas, sejam nacionais ou estrangeiros. Discriminar uns negócios e não outros e comparar hotéis a restaurantes só revela erro de análise ou desconhecimento da realidade”, acusa o presidente da AHP.
Para Raul Martins, "não se alcança o sentido" de, no atual estado de emergência, “serem admitidas certas exceções, como as que se verificam para o comércio, e serem colocadas limitações em 121 concelhos aos empreendimentos turísticos e aos estabelecimentos de restauração”.
O presidente da AHP destaca ainda que “a hotelaria está já numa situação muito crítica”, visto que “não há hóspedes”, sendo que até ao final do ano a AHP estima “que mais de 70% da oferta esteja encerrada e não reabra antes da primavera de 2021”.
“Na época baixa, vivemos sobretudo das reservas de fim de semana e dos eventos, corporate”, bem como de “outros eventos, que este ano pouco há”, lamenta.
“Recordamos que a AHP estima que a quebra nas dormidas, em 2020, pode chegar a 46,6 milhões, e a perda de receita a 3,6 mil milhões de euros, o que representa uma quebra de cerca de 80% face a 2019. Esperamos, sinceramente, que o Governo corrija rapidamente este erro”, remata Raul Martins.
O Governo anunciou na madrugada de domingo o recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00 no dias de semana, a partir de segunda-feira e até 23 de novembro, nos 121 municípios mais afetados pela pandemia, sendo que, ao fim de semana, o recolher obrigatório inicia-se a partir das 13:00 nos mesmos 121 concelhos.
Nestes 121 municípios, abrangendo 70% da população residente, estão incluídos todos os concelhos das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.
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