A Fundação Gulbenkian e o Instituto Universitário Europeu de Florença (IUE) anunciaram na semana passada a criação do fundo europeu para combater a desinformação global, com o objetivo de apoiar projetos de literacia digital e verificação de factos na Europa.
A Google, que é uma das primeiras contribuintes do Fundo Europeu para os Media e Informação, desafia “outras organizações” a apoiarem a literacia digital.
“Ao mesmo tempo que navegamos nas incertezas e nos desafios do ano passado, ficou provado que é mais importante do que nunca que as pessoas acedam a informações precisas e separem factos da ficção”, afirma Matt Brittin presidente para o negócio e operações da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) da Google, citado em comunicado.
“É por isso que a Google está a contribuir com 25 milhões de euros para ajudar no lançamento do Fundo Europeu para os Media e Informação para reforçar as competências na literacia digital, combater a desinformação e apoiar a verificação de factos”, acrescenta.
“O nosso compromisso a cinco anos irá apoiar o trabalho do Instituto Universitário Europeu, do European Digital Media Observatory [Observatório Europeu de Media Digital] e da Fundação Calouste Gulbenkian para financiar organizações que procuram enfrentar desafios chave”, acrescenta o responsável.
Estes desafios passam por ajudar adultos e jovens a reforçar as competências em literacia digital, apoiar e escalar o trabalho crítico dos verificadores de factos (‘fact-checkers’), bem como reforçar as competências, a investigação e os recursos para ajudar ao combate à desinformação.
“Enquanto primeiros contribuintes para o Fundo Europeu para os Media e Informação, saudamos e encorajamos outras organizações a seguirem a nossa liderança e a apoiar este importante trabalho”, desafia Matt Brittin, referindo que “há uma procura não satisfeita por financiamento e investigação, com menos de um em cada 10 europeus a ter participado em qualquer forma de formação em literacia digital ‘online'”, de acordo com um relatório recente.
Nas próximas semanas, o fundo estará aberto a propostas de académicos, organizações sem fins lucrativos e ‘publishers’ com sede na União Europeia, Islândia, Liechtenstein, Noruega, Suíça e Reino Unido, adianta.
As ideias vencedoras serão selecionadas por comités independentes formados por especialistas do setor. A Google não estará envolvida em qualquer processo de tomada de decisão.
“O nosso compromisso de hoje surge na sequência de financiamento anteriores a verificadores de factos e organizações sem fins lucrativos, incluindo aqueles relacionados com a pandemia covid-19 e vacinas e do nosso trabalho de luta contra a desinformação no período que antecede eventos importantes, como eleições”, salienta Matt Brittin.
A Google disponibiliza financiamento e apoio técnico, desde 2015, “a organizações focadas na luta contra a desinformação, incluindo novos modelos inovadores como o CrossCheck em França” e proporcionou formação na verificação digital “a 90.000 jornalistas europeus”, tendo o seu ‘site’ formação “recebido mais de 400.000 visitas”.
Nos seus esforços para apoiar a literacia digital nos mais jovens, a Google destaca o “Be Internet Legends e o Be Internet Citizens”, que proporciona competências digitais para ajudar crianças em idade escolar e adolescentes na verificação de factos.
“Através do nosso braço filantrópico, Google.org, disponibilizámos 3,2 milhões de euros em financiamento desde 2018 para programas como Newswise, The Student View e Weitklick, e, através do Google News Initiative, financiamento adicional para apoiar Students for President e Zeit für Lehrer”, refere.
O novo Fundo Europeu para os Media e Informação destina-se a apoiar projetos de literacia digital e verificação de factos em todos os países da Europa, incluindo a União Europeia, EFTA (Associação Europeia do Comércio Livre) e Reino Unido.
O fundo “está aberto à contribuição de terceiros e será gerido com total independência em relação aos eventuais doadores, estando previsto apenas um reporte anual, com apresentação pública, dirigido aos financiadores e ao público em geral”, de acordo com a Fundação Gilbenkian e IUE.
A gestão partilhada do projeto atribui ao Observatório Europeu de Media Digital (EDMO) — da School of Transnacional Governance do IUE – as componentes académica, ética e de avaliação de projetos e à Fundação a sua gestão administrativa e financeira.
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