"É um crescimento relativamente superior, pode ir até quase um ponto acima do que temos previsto, mas ainda é um bocado cedo", disse João Leão numa entrevista à Lusa realizada conjuntamente com o presidente do Eurogrupo, o irlandês Paschal Donohoe, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia.
O ministro das Finanças lembrou que "Portugal teve um inverno muito duro" e que "o primeiro trimestre foi muito intenso" de uma forma negativa, o que levou o Governo a rever em baixa as suas previsões para o crescimento da economia para 4% aquando da divulgação do Programa de Estabilidade, em abril, quando anteriormente previa 5,4%.
Porém, "a mudança está a ser muito rápida", salientou o ministro, justificando o maior otimismo com o facto de que, com a reabertura da economia nacional, "o número de casos mantém-se muito baixo" e o plano de vacinação contra a covid-19 "está a ajudar".
"Com os indicadores que temos quer do mercado de trabalho, quer do consumo, quer das exportações, que estão a ser muito mais positivos do que esperávamos, temos a expectativa, se a pandemia continuar controlada e evoluir de forma positiva com a campanha de vacinação, que o crescimento possa ser bastante superior ao que tínhamos previsto", disse em entrevista à Lusa.
Como exemplo da recuperação, João Leão referiu que "os pagamentos do multibanco nas últimas três semanas estão bastante superiores ao que eram antes da pandemia, em 2019", mostrando "que o consumo está a recuperar de forma muito rápida".
No entanto, o governante ressalvou que a previsão oficial do Governo "mantém-se nos 4%", sendo apenas revista quando for apresentada a proposta de Orçamento do Estado para 2022, em outubro.
O otimismo do ministro contrasta com as previsões económicas de primavera da Comissão Europeia que, na semana passada, reviu em baixa o crescimento económico esperado para Portugal, apontando para 3,9% quando em fevereiro esperava 4,1%.
Em termos trimestrais, Bruxelas aponta para uma recuperação do PIB português do segundo ao quarto trimestre, quer em cadeia (3,2%, 3,9%, e 1,0% respetivamente), quer face aos mesmos trimestres do ano passado (13,5%, 4,0% e 4,9%, respetivamente).
Em termos anuais, as previsões da Comissão Europeia estão exatamente alinhadas com as do Banco de Portugal (BdP) e as do Fundo Monetário Internacional (FMI), estando uma décima abaixo dos 4,0% esperados pelo Governo e acima dos 3,3% do Conselho das Finanças Públicas (CFP) e dos 1,7% da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Por: Jorge Sá Eusébio e Maria de Deus Rodrigues da agência Lusa
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