Em declarações à imprensa após uma reunião de ministros das Finanças da União Europeia (UE), em Bruxelas, durante a qual foi analisada “a exposição do setor financeiro europeu à Rússia”, Leão sublinhou que esta “é mais limitada do que era antes, porque desde a crise da Crimeia [em 2014] que a Europa tem estado a reduzir a exposição a esse nível à Rússia” e antecipou que Moscovo é que sentirá um “efeito muito negativo” de uma eventual bancarrota, sobretudo a nível reputacional.
Segundo o ministro, “a avaliação que é feita é que os bancos europeus e portugueses estão numa situação bastante mais sólida e mais forte do que estavam há 10 anos, na anterior crise das dívidas soberanas, e terão capacidade para enfrentar as dificuldades financeiras na Rússia”, como resultado das duras sanções que lhe foram impostas em virtude da agressão militar à Ucrânia.
“Não se antecipa um impacto ao nível europeu ocidental muito significativo desse ‘default’ [incumprimento]. Há setores e alguns fundos que vão ser afetados significativamente, mas não se antecipa um grande impacto ao nível europeu desse ‘default’. Antecipa-se, sim, que vai ter um efeito reputacional muito negativo para a Rússia e vai dificultar a atração de investimento e de novos financiamentos de que vai precisar neste contexto”, apontou.
Leão explicou que “a Rússia neste momento não tem uma dívida externa muito elevada, pelo contrário”, pois conseguiu reduzi-la e é hoje, em termos percentuais, muito mais baixa do que há 20 anos, pelo que o impacto de um incumprimento “não será tanto por aí”, mas antes “do ponto de vista da reputação da própria Rússia, na capacidade de atrair investimentos”, de que tanto necessita no atual contexto de crise.
Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) admitiu a possibilidade de a Rússia entrar em bancarrota devido às sanções económicas impostas pela invasão da Ucrânia e alertou para que a economia russa está a contrair e a entrar em recessão.
“A falência da Rússia não é mais um acontecimento improvável”, disse a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, num encontro ‘online’ com jornalistas sobre as implicações financeiras da guerra na Ucrânia.
Georgieva destacou que o que determinará quão forte será a recessão na Rússia será a duração da guerra e as sanções, bem como a possibilidade de que elas se tornem mais severas e afetem as exportações de energia.
A diretora-geral explicou que a delegação do FMI em Moscovo está fechada, que a instituição não tem atualmente qualquer operação em andamento com a Rússia e que os fundos de reserva que a Rússia tem na organização são praticamente inacessíveis ao país justamente por causa das sanções impostas por outros países.
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