“Ainda não há capital vendido, não”, disse em entrevista à agência Lusa o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, Tomás Correia.
O responsável justificou com a necessidade de “muitas instituições terem o processo de decisão interno por fechar”, nomeadamente de aprovar essa operação em assembleia-geral, afirmando estar convencido de que no final do ano serão “largas dezenas” as entidades participantes do capital da Caixa Económica Montepio Geral.
No final de junho, o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, Tomás Correia, anunciou numa cerimónia em Lisboa a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e de mais 50 entidades sociais no capital do banco Montepio.
Então, foi explicado que esse investimento ainda não estava formalizado, e quatro meses depois continua ainda por concretizar.
O provedor da SCML, Edmundo Martinho, disse então que a entidade entraria com 75 mil euros, valor ainda não concretizado, como noticiado pelo Jornal de Negócios esta segunda-feira.
O investimento da SCML no banco Montepio provocou muita polémica no início do ano, sobretudo perante as informações de que a instituição poderia entrar com 200 milhões de euros em troca de uma participação de 10%.
Em abril, o provedor da SCML falou na possibilidade de ficar com 1% do capital do banco Montepio em troca no máximo de 18 milhões de euros, valor reduzido para 75 mil euros em junho, com Edmundo Martinho a justificar pela “alteração das circunstâncias” depois da “discussão pública” que o investimento provocou.
Quanto às outras instituições da economia social de todo o país (nomeadamente misericórdias) não é conhecido o investimento que cada uma realizará no capital do banco Montepio, mas será sobretudo simbólico, no máximo de cinco ou dez mil.
Tomás Correia disse, na entrevista à Lusa, que o investimento ficará acima dos 150 mil euros, uma participação muito reduzida, tendo em conta que o capital social da Caixa Económica é de cerca de 2.400 milhões de euros.
A Associação Mutualista Montepio aprovou este ano a alienação de até 2% do capital da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), o que significaria um investimento de 48 milhões de euros, uma vez que cada ação é vendida ao valor nominal de um euro.
Tomás Correia insiste agora que em causa neste processo não está capital, mas a “emoção” de um banco participado por entidades da economia social.
O responsável quis deixar ainda uma “tranquilidade ao regulador”, referindo que não haverá “seguramente 150 participantes nesta primeira fase”, pelo que não será preciso “lançar uma oferta pública de venda ou qualquer operação dessa natureza”.
Já sobre a sua defesa de uma junção entre Montepio e Crédito Agrícola, Tomás Correia disse à Lusa que insiste neste tema – apesar da oposição pública do presidente do Crédito Agrícola – porque é necessário Portugal ter uma grande banco da economia social e considerou que “o sistema financeiro tem razões que os seus responsáveis, que são transitórios, desconhecem”.
O presidente da mutualista Montepio afirmou que “há cada vez mais gente que comunga desta visão”, e recusou a ideia de que com essa junção o Montepio pretenda melhorar os seus resultados face aos bons indicadores que o Crédito Agrícola tem apresentado.
“As coisas não são sempre coincidentes no tempo. Bons resultados numa altura trazem por vezes maus em outra, e o contrário também é verdadeiro. O Crédito Agrícola com certeza é bem gerido, é uma grande instituição, mas isso não impede de ter a visão clara de que o país precisa de um grupo financeiro da economia social com dimensão”, acrescentou.
Sobre a venda da Montepio Seguros (que inclui a Lusitânia), depois da alienação falhada de uma posição maioritária a um grupo chinês, Tomás Correia disse que a mutualista não anda à procura de investidores, que aceitou a proposta do grupo CEFC porque significava “um quadro de desenvolvimento significativo para a companhia, com abertura de filiais em Macau e Hong Kong”, mas admitiu que serão avaliadas propostas que eventualmente surjam.
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