Na sessão de abertura da 13.ª edição do Fórum de Turismo Internacional (FIT), a preocupação de espalhar o sucesso turístico a todos os territórios do país foi um ponto assente nos discursos dos responsáveis pelo turismo, com o presidente do TP a destacar o Centro, Alentejo e Açores como as regiões com maior crescimento.
“Este crescimento tem que estar em todo o território. Há um trabalho conjunto que tem de ser desenvolvido, no ‘cycling’ e ‘walking’, criação de roteiros e multidestinos. Há que ter um conceito de multidestinos e pensarmos que é isso que nos vai permitir vender mais. É preciso que exista inovação em produto e serviço em todas as regiões e uma coordenação em todos os atores do turismo. O sucesso pode ser mais capitalizado se tivermos todos coordenados, na venda, qualidade de oferta e aposta em novos segmentos e mercados”, defendeu.
O responsável sublinhou ainda que o país tem sido cada vez mais vezes palco de grandes eventos, assim como escolha de empresas como a Google e a Amazon para instalar novos escritórios, movimentos que trazem “valor acrescentado” ao país, num sucesso que é do turismo, mas “deve ser partilhado por todos e com todos”.
Argumentou ainda que é preciso “reconhecer a importância dos recursos humanos e a importância de cada trabalhador nos resultados da empresa”.
“O maior ativo para a captação são as pessoas. É algo que tem que ser a principal imagem. A única forma de sermos mais competitivos é apostar neste ativo”, justificou.
No ano passado, a região norte do país ultrapassou o número de dormidas previstas para 2020, com cerca de 7,4 milhões, e já em janeiro deste ano se registaram mais de 386 mil dormidas, o que revela um aumento de 9,2% face ao mesmo mês de 2017, números sublinhados pelo presidente do Turismo do Porto e Região Norte, Melchior Moreira.
“O turismo é um fenómeno altamente dinâmico que depende do comportamento da conjuntura interna dos mercados, caracterizado, como em qualquer economia, por ciclos de crescimento ou de quebra. Não podemos entender os riscos do turismo pelos excessos de procura, mas também pelo défice que pode resultar da diminuição dos níveis de consumo”, apontou.
O responsável deu o exemplo de Veneza para mostrar que não há destinos sobrelotados em Portugal, visto que a cidade italiana com 55 mil habitantes recebe, diariamente, 75 mil turistas, o que resulta em 28 milhões de visitantes anualmente, contra os estimados 23 milhões que Portugal, continental e ilhas, recebeu em 2017.
“Desta forma, então não existe um risco de excesso de turismo. Pelo contrário, existem oportunidades económicas que podem ser captadas por todo o ‘Arco do interior’ a partir de bolsas de captação e concentração de procura turística (Lisboa e Porto), que hoje, de forma exagerada, tememos estarem a atingir níveis de saturação”, referiu.
Para António Jorge Costa, presidente do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento de Turismo (IPDT), “o sucesso é notório à vista desarmada”, mas é “importante ter presente que este crescimento não resulta apenas de melhores desempenhos nos mercados nacionais, mas um esforço crescente de dinamizar mercados”.
“Passo a passo Portugal está a fazer do turismo um setor líder. Hoje não é só um desígnio nacional, mas uma estratégia nacional bem fundamentada. Este sucesso não resulta pelo que de mal acontece nos destinos concorrentes. Se não tivéssemos atratividade não teríamos interesse das companhias ‘low cost’ e dos ‘media’ internacionais”, asseverou.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados em 14 de fevereiro, os estabelecimentos hoteleiros do país receberam 20,6 milhões de hóspedes em 2017, o equivalente a 57,5 milhões de dormidas, levando a aumentos anuais de 8,9% e 7,4% em comparação com o ano anterior.
Foi o mercado externo que mais contribuiu para estes acréscimos, representando 72,4% das dormidas totais no ano passado.
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