“Naturalmente a questão do mercado de trabalho tem uma componente forte nesse caderno reivindicativo”, assim como a componente salarial, antecipa Mário Mourão, em declarações à agência Lusa, sobre a reunião de hoje, dia em que a UGT assinala o 46.º aniversário.
“Os salários continuam a ser uma vertente fundamental para a motivação dos trabalhadores, para as empresas e para o debate negocial” e é “consensual em Portugal que temos um país de baixos salários”, acrescenta o secretário-geral da UGT, preferindo não desvendar as propostas concretas. É preciso “inverter isso”, aponta.
A UGT, a par com as quatro confederações empresariais, assinou o acordo tripartido de “valorização salarial e crescimento económico para 2025-2028”, que reviu em alta a trajetória do salário mínimo nacional, prevendo aumentos de 50 euros anuais até 2028. Para o próximo ano, ficou definido que a retribuição mínima garantida aumente dos atuais 820 euros para 870 euros, isto é, abaixo dos 890 euros já defendidos pela UGT.
Em matéria salarial, está ainda em curso o processo negocial ente o Governo e os sindicatos da Administração Pública, tendo em visto a atualização geral dos salários. No que toca à base remuneratória da Administração Pública (BRAP), o executivo propõe que suba para 870,50 euros no próximo ano, enquanto para a atualização geral dos salários propõe um aumento de 55,26 euros (o equivalente a um nível remuneratório da Tabela Remuneratória Única) ou um mínimo de 2,1%, abaixo da inflação prevista para 2025 (2,3%).
Em declarações à Lusa, o secretário-geral da UGT pede ao Governo, que faça “um esforço” para “ir mais longe”, de modo a “valorizar os salários” e a reconhecer a “importância que a Administração Pública tem no país e nos serviços públicos”.
Na terça-feira está prevista uma nova ronda negocial sobre esta matéria e o secretário-geral da UGT admite que pode ser possível um acordo, caso o Governo melhore a proposta. “Acho que poderá haver uma negociação e um acordo com os sindicatos que estão a negociar, nomeadamente os da UGT”, assume.
Mário Mourão aponta ainda que há uma elevada carga fiscal em Portugal “nomeadamente com um vínculo forte na área do trabalho”, pelo que esta é outra das componentes “fortes” do caderno reivindicativo.
Por outro lado, a UGT quer continua a apostar na “dinamização na negociação coletiva”, de modo a responder aos “desafios” que o mercado de trabalho coloca atualmente. “Há novas realidades no mercado de trabalho, nomeadamente as plataformas digitais e é preciso também que os nossos sindicatos apostem forte no apoio dos trabalhadores das plataformas digitais”, defende.
“A crise da habitação para nós também é importante”, enumera ainda o secretário-geral da UGT, sublinhando que “as pessoas continuam a ter grandes dificuldades” para pagar “as rendas e as prestações altas” das casas, pelo que esta matéria “exige uma prioridade e atenção” máximas.
“Não vale a pena estarmos a fazermos um combate contra os baixos salários e depois termos outras vertentes que, de facto, eliminam aquilo que são as atualizações salariais”, sustenta.
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