Deixem-me só fazer aqui um pequeno à parte: “Nós, Cidadãos!” é o nome do partido. Não é que é eu não seja um fervoroso adepto de tudo o que é parafernália ao nível de pontuação e acentuação, mas não sei se não será demais para o nome de um partido. Neste caso é muito genérico, mas será que o PNR no futuro poderá ser o “Nós, Cidadãos Brancos Que Até Somos Boas Pessoas Mas Não Temos Culpa Que Tudo o Que É Castanho, Preto ou Amarelo Seja Uma Merda”? Fica a dúvida.
A proposta da Joana Amaral Dias sugere então que os autocarros passem a ter uma zona delimitada exclusiva para mulheres. Acho parco.
É sabido que os homens, todos os homens, têm um desenvolvimento intelctual e social muito diminuto comparativamente com as mulheres e uma taxa de assimilação de novos comportamentos mais baixa que um koala, cuja vida inteira é dormir e comer sempre as mesmas folhas. Portanto, o caminho não pode ser nunca a educação e a cidadania, mas sim a segregação. É preciso separar as mulheres dos energúmenos dos homens o mais possível. Daí achar que só separar por lugares seja pouco. Acho que devia haver autocarros inteiros só para mulheres. Seriam totalmente cor-de-rosa, que como sabemos é a cor preferida de todas as mulheres, conduzidos por mulheres sempre com máscaras da Rita Ferro Rodrigues, da Fernanda Câncio ou da própria Joana Amaral Dias – numa metáfora como quem lidera o caminho – e decorados com frases inspiradoras como “Não há um único homem que se aproveite no mundo”, sempre ao som de “Who Run The World? Girls!” da Beyoncé.
E este seria o primeiro passo de muitos de que a sociedade precisa. Acho demagógico que se proponha combater a desigualdade de género através de medidas educacionais pela igualdade. É muito mais produtivo combater a desigualdade com a segregação, ou seja, mais desigualdade. Desigualdade + Desigualdade = Sociedade a Evoluir. Veja-se o caso do Apartheid: aquilo é que eram bons tempos que fizeram com que praticamente já não haja racismo na África do Sul. Uma paz de sítio.
Assim sendo, começando pelos autocarros, era depois aplicar a técnica da segregação de género a todos os campos da sociedade que envolvam o convívio entre homens e mulheres. Já imaginaram o que seria Lisboa com discotecas só para homens e outras só para mulheres? Supermercardos? Repartições das Finanças? A partir daí é começar a ter autocarros separados para todos os tipos. Mulheres brancas, mulheres pretas, mulheres ricas (esta parte é a mais a brincar porque elas não andam de autocarro, o que seria?!), mulheres pobres, mulheres segregadas com o máximo de especificidade possível, tipo “mulheres que se recusam a fazer sexo ao oral ao homem porque é uma forma de submissão que não podem aceitar, mas que também não gostam de mulheres que gostem de futebol, que tenham desenhos nas unhas de gel e que já tenham ido pelo menos uma vez a Paris só com as amigas porque não precisam de homens para ir a sítios românticos”, por exemplo.
A segregação é o caminho. A educação é um mito.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
- Filme: First They Killed My Father. Filme da Angelina Jolie sobre a ditadura do Khmer Rouge no Camboja. Um filme muito duro baseado num livro ainda mais duro, com o mesmo nome, escrito na primeira pessoa por Loung Ung.
- Documentário: The Red Pill. A propósito do tema desta crónica, este documentário é sobre o movimento “Direitos dos homens” e é absurdo. É a subversão do machismo que ainda é tão marcado em quase todo o mundo por uma vitimização do homem perante a mulher. No entanto, é interessante tentar perceber como pensam estes homens do movimento.
- Bombeiros: Por todo o país, os bombeiros vão continuar a precisar de muita ajuda. Não deixem a onda de solidariedade passar e continuem a ajudar em força os vários quartéis.
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