Tenho uma relação de amizade com esta co-autora do livro incómodo e icónico Novas Cartas Portuguesas. Para mim, ela representa muitíssimo mais do que este projecto feito a seis mãos, nunca a reduziria a esse encontro feliz com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. A Teresa escreveu – escreve – poesia e ficção de impacto imenso, de qualidade inquestionável.
O que nos une é uma amizade e somos, obviamente, pouco imparciais com os amigos e com aquilo que os outros provocam na sua vida. Fico feliz com esta homenagem, cuja madrinha e proponente é também uma escritora – e professora no Ispa – Ana Cristina Silvia. As mulheres reconhecem-se e unem-se, felizmente, e também percebem que honrarias e afins chegam tarde à maioria das mulheres.
Maria Teresa Horta nasceu em 1937, tem uma vida rica como feminista, jornalista, poetisa, ficcionista. O que incomodou muitas pessoas ao longo de décadas (a sua postura, as suas convicções, a impossibilidade de a silenciarem) deixou de incomodar. Maria Teresa Horta tem 86 anos, o respeito é intrínseco à idade. Ficou feliz com a homenagem do Ispa. É merecida. Outras tantas coisas teriam sido justas, ao longo de 60 anos de vida pública, mas quando olhamos para o número de prémios e consagrações, pasmamos com o facto de ser tão reduzido. Ela ri-se e, ontem, em sua casa, contou-me das homenagens que Natália Correia fazia no Botequim, o reconhecimento do talento dos outros e a festa alegre de anunciar ao mundo esse talento imenso. Natália Correia teve incontáveis gestos de carinho e homenagem para com Maria Teresa Horta. Duas mulheres gigantes, duas mulheres impossíveis de calar. Que sorte que assim tenha sido. A Teresa merece tudo. Como a Natália.
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