Admito que não sou uma swiftie, que não acompanhei religiosamente o trabalho da Taylor Swift e que fui totalmente influenciada por uma das minhas melhores amigas que é, certamente, a maior fã que eu já conheci e que me apresentou a discografia completa. Fez, literalmente, playlists adaptadas ao meu estado de espírito e 'obrigou-me' a ouvir atentamente.

Por esse motivo, para além de só ter decidido ir ao concerto uma semana antes, estava com receio de não conseguir aproveitar a experiência ao máximo.

Um receio infundado, porque, ao contrário de outros concertos, a The Eras Tour está programada para chegar a todos os tipos de fãs ou simples apreciadores de algumas músicas, celebrando as memórias com os mais antigos e chamando à atenção dos mais recentes, cobrindo aqueles que se apaixonaram na era do Fearless ou os que, tal como eu, perceberam verdadeiramente o encanto com o mais recente álbum The Tortured Poets Department.

Uma nota prévia para o concerto de abertura dos Paramore que, pela voz da Hayley Williams, fizeram com que cada minuto dos 35 valesse a pena. Para mim, e acredito que para muitos, representou um regresso à adolescência, à fase das constantes crises existenciais, através de músicas como Misery Business ou The Only Exception.

Enquadrando-se na perfeição na The Eras Tour, os Paramore deram a conhecer o seu trabalho a um público mais jovem, ao mesmo tempo que proporcionaram momentos de nostalgia àqueles que, em determinados momentos, tiveram como banda sonora das suas vidas algumas daquelas músicas.

Minutos depois iniciava-se a contagem decrescente para o espetáculo. Os gritos e a excitação do público tornam-se reais atingindo níveis que nunca tinha visto antes de o artista sequer aparecer.

Acompanhada pelo pôr do sol, Taylor Swift começa com músicas da sua Era Lover e faz parecer que atuar perante uma multidão é a coisa mais fácil do mundo, apontando para qualquer canto do estádio e obtendo uma explosão de emoções. A ligação e o controlo que exerce sobre o seu público é inacreditável.

Ao longo da viagem pelas Eras Fearless, Red, Speak Now, Evermore e Folklore acontece uma espécie de desbloquear de memórias entre os fãs enquanto assistiam a um espetáculo inteiro que junta música, dança e cenários muito bem pensados para a interação e a interpretação dada às canções por Taylor Swift.

Já com as Eras Reputation e 1989, a pop regressa ao Estádio da Luz em todo o seu esplendor, acompanhada de uma boa dose de momentos cringe (perdoem-me os swifties e a utilização do estrangeirismo, mas não encontro melhor expressão!), as músicas destes álbuns provocaram uma verdadeira catarse, com muitos dos fãs a cantarem aos gritos…Ready For It?, Don’t Blame Me, Blank Space, Style, e Shake It Off  até à exaustão.

Taylor Swift voltou a não falhar com a Era The Tortured Poets Department, para mim o ponto alto da noite por ser “a minha Era”, sendo que apesar de ser um álbum lançado em 19 de abril desde ano já contava com milhares de pessoas a cantar But Daddy I Love Him, Who’s Afraid of Little Old Me?, The Smallest Man Who Ever Lived e I Can Do It With a Broken Heart.

Num momento intimista com os fãs, acompanhada por um simples piano com flores pintadas à mão e a sua guitarra, Taylor Swift surge com a fase mais aguardada pelos swifties, cumprindo a tradição de interpretar as “canções surpresa”.

É caso para dizer que tive sorte porque conhecia as canções escolhidas nos dois mashups apresentados, o primeiro na guitarra com The Tortured Poets Department e Now That We Don’t Talk e no piano You’re On Your Own Kid e Long Live, mas só quando entrei nas redes sociais é que percebi que pelo mundo dos swifties este momento foi um verdadeiro acontecimento e que Lisboa estava a ser apelidada como “a filha favorita da Taylor Swift”.

Aliás, várias foram as vezes que a cantora demonstrou entusiasmo por estar a atuar em Lisboa e pelo público que a acolheu, sublinhando que as outras tours já deveriam ter passado pela capital portuguesa.

Por fim, o palco é iluminado com tons de roxo e Taylor Swift surge, por uma última vez, em modo Midnights com um vestido azul e casaco rosa a condizer com o cenário e a representar a era pop de Lavender Haze e Anti-Hero, enquanto em Vigilant Shit, apresentada com a mítica coreografia, o cenário e o outfit mudam para uma dinâmica mais burlesca.

A noite encerra com Karma, muita luz, cor, fogo de artifício, gritos de swifties e não swifties impressionados com a experiência que acabaram de viver, durante horas, com a qualidade do espetáculo e de todos os seus integrantes, demonstrando que a The Eras Tour representa o poder da música pop e da capacidade de uma artista se reinventar à medida que a sua base de fãs aumenta e envelhece.

Palavra de não swiftie: esta é, sem dúvida, a Era da Taylor Swift.