Um movimento estético vanguardista, até agora refugiado nas profundezas da contracultura, emergiu ao mainstream nos últimos dias: os hipsters dos direitos humanos. Ao contrário dos comuns mortais, estes pioneiros das normas e dos princípios morais já demonstravam ultraje público em relação ao caso de Ihor Homeniuk, cidadão ucraniano que morreu em Lisboa às mãos do SEF, antes de ser cool. Estes iconoclastas, autênticos trend setters humanistas, têm sempre consigo a versão original da Declaração Universal dos Direitos do Homem que compraram numa loja vintage de Arroios, estão sempre atentos às mais recentes novidades do Mundo do abuso de poder e já conhecem o caso do cidadão ucraniano desde o primeiro EP.
Um dos líderes deste movimento cultural é o ministro hipster Eduardo Cabrita, que ficou chocado com o facto de ninguém dar atenção ao seu álbum de greatest hits na luta pelos direitos humanos. É assim, há artistas incompreendidos - uns que passam ao lado de um grande carreira e outros que não querem que a sua grande carreira passe ao lado dos cidadãos. Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa é mais um político dos tops da rádio. Neste caso, quis sobretudo saber se o SEF só produziu um single ou se haverá uma ou outra faixa escondida do mainstream. São estilos.
O grande inimigo deste tipo de artistas mais experimentais e vanguardistas como Eduardo Cabrita, para além deles próprios, são as críticas. A conferência de imprensa da semana passada prova que o Ministro da Administração Interna nunca aguentaria uma má review da revista Pitchfork. O problema é que parece ter um manager que acha que ainda vai lucrar se mantiver Cabrita em carteira - até porque Costa é uma espécie de Simon Cowell de políticos. Tal como os estilos musicais, as notícias também atravessam ciclos e o primeiro-ministro está só à espera para ver se é possível que Cabrita volte a estar na moda. Para isso, Costa precisa que se fale um pouco menos do assunto Ihor Homeniuk. Já se sabe que os hipsters deixam de ouvir os temas das bandas alternativas assim que estas se tornam mais populares.
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